Deputados de Itu não assinam lista para criar a “CPI das Merendas”
Rita Passos diz que pedido de investigação não tem validade. Rodrigo Moraes alega que ninguém consultou sua opinião sobre o assunto
Lucas Gandia
Desde a tarde da última terça-feira (3), centenas de estudantes têm ocupado a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), com o intuito de pressionar os deputados estaduais para que investiguem o desvio de dinheiro público na compra da merenda escolar. Até a tarde de ontem (6), os responsáveis pelo pedido já haviam coletado 25 das 32 assinaturas necessárias para a instauração da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o caso.
Segundo levantamento divulgado pelo jornal “Folha de S. Paulo”, os nomes dos deputados eleitos por Itu, Rita Passos (PSD) e Rodrigo Moraes (DEM), não estão na lista favorável à investigação.
Os estudantes paulistas reclamam que desde o início deste ano as refeições servidas nas escolas se limitam, em muitos casos, a bolachas e sucos. A mobilização acompanha a evolução da chamada “máfia da merenda”, alvo da Operação Alba Branca, que investiga o pagamento de propinas, fraudes de licitações e superfaturamentos de produtos agrícolas usados nas merendas do governo de Geraldo Alckmin (PSDB).
De acordo com o regimento interno do Legislativo, apenas cinco CPIs podem funcionar simultaneamente – o que já ocorre na casa. Para a instalação de uma 6ª CPI, é necessário que o presidente da Alesp, Fernando Capez (PSDB), abra uma votação no plenário e atinja a marca de 48 deputados favoráveis.
“Politicagem”
Para a deputada Rita Passos, qualquer pressão realizada até o momento não trará mudanças na realidade atual. “Não adianta passarem lista para assinar agora; isso é politicagem”, afirmou ao “Periscópio”. “Se o presidente da Casa colocar em plenário a votação para instaurar a 6ª CPI, aí, sim, voto a favor. Sou favorável à instalação da CPI da merenda na Assembleia, mas não adianta falar em abrir CPI agora, porque não dá para fazer isso”, completou a deputada.
Ao JP, Rodrigo Moraes (DEM) ressaltou que, até o momento, ninguém o procurou para assinar qualquer lista ligada à CPI. “Não votei favorável porque o responsável por esse pedido não veio até mim. Se tivesse vindo falar comigo, logicamente aprovaria”, garantiu. “Se há problema, temos que investigar; não podemos ser omissos. Mas a instauração dessa CPI só poderá ser aprovada em plenário, porque já há cinco vigentes na Assembleia”.