Alunos pressionam, mas Secretária de Educação não é permitida a falar

Marilda Cortijo foi ao plenário, mas não pôde falar sobre o problema da falta das merendas em escolas da cidade

 

A secretária municipal de Educação Marilda Cortijo esteve na Câmara Municipal na sessão de segunda-feira (23) para tentar usar a tribuna e falar sobre o problema da falta de merenda escolar na EE “Professor Antonio Berreta” e na ETEC “Martinho di Ciero” e suas extensões. Apesar do clamor de alguns vereadores e de estudantes (que levaram cartazes), o presidente do Legislativo Marquinhos da Funerária (PSD) não a autorizou falar.

Líder do prefeito Tuíze, Balbina de Paula Santos (PV) foi a primeira a cobrar que Marilda falasse. Ela foi autora de um requerimento, aprovado na sessão anterior, pedindo a presença da autoridade. “Eu pediria ao senhor, que tem autonomia para isso, para ela usar a tribuna hoje”, solicitou a vereadora. Matheus Costa (PHS) também pediu. “Eu acho que seria muito bom, para todos nós, que ela pudesse colocar sua posição, pois ela é representante do poder público municipal”, declarou.

Marquinhos então respondeu o pedido, explicando que o artigo 152 do regimento interno diz que o requerimento é um pedido feito ao presidente da Câmara, que deve analisar a conveniência. “Não houve ainda a oportunidade para convocar a secretária. Na Câmara, não pode uma pessoa chegar e falar. Aqui tem que ter uma pauta”, declarou. Nesse momento, estudantes das escolas afetadas pela falta de merenda ergueram cartazes com os dizeres “Marquinhos, deixe a Marilda falar hoje” e “queremos ouvir a outra versão dos fatos”.

Então foi iniciada uma série de “Questões de Ordem” em que os vereadores defendiam ou não que a secretária usasse a tribuna. “A secretária precisa dar esclarecimentos. Claro que vossa excelência é quem determina a pauta e quem comanda o Legislativo, porém é de extrema importância ela falar”, disse Givanildo Soares (PROS).

Balbina voltou a falar, comentando que participou de uma reunião naquela manhã com a secretária, alunos e os vereadores Giva e Eduardo Ortiz (PHS). Ela também classificou como “falta de respeito” não ouvir Marilda. “Eu acho uma falta de respeito com a secretária e com os alunos presentes o senhor fazer uma coisa dessas”, comentou. “O plenário é soberano. Se o senhor colocar em votação, o plenário decide, sim”, afirmou a vereadora.

Matheus Costa concordou com Balbina, relembrando casos em que o plenário aprovou o uso da tribuna pelo deputado estadual Rodrigo Moraes e por Miriam Benayoun, presidente da Assatemec. “Foi votado, foi aprovado e foram liberados os 10 minutos para utilizar”, recordou o vereador. Já Josimar Ribeiro (PTN) disse que estão tentando armar “palanque político” em cima da necessidade dos estudantes.

“Estão querendo fazer politicagem mais uma vez”, declarou o vereador, autor do requerimento que pede a instauração da CEI da Merenda, aprovado mais tarde na mesma sessão. “Não tem desse vereador o apoio para usar as crianças, a necessidade das escolas, pra fazer palanque político. Não vai. Por isso nós tomamos a frente, iniciamos um trabalho e vai ser feita a CEI, sim”, afirmou.

Eduardo Ortiz também pediu “Questão de Ordem”, parabenizando a manifestação dos jovens estudantes e dizendo que está se instaurando uma burocracia “que deixa de desenvolver a cidade”. “Que seja feita justiça, pois o senhor Anivaldo (Roberto de Andrade, dirigente regional de ensino) falou”, cobrou o edil. Já para Hermes Jabá (PSD) não haveria problema em Marilda usar a tribuna, mas que seria melhor ela falar em uma audiência pública, em que ela poderia ser interpelada.

Marquinhos da Funerária então deu seu parecer final. “Eu vou obedecer a lei. Tenho o maior apreço pela secretária, fui secretário com ela por oito anos, me ajudou muito, é uma pessoa ímpar, mas na hora exata eu vou convocá-la”, declarou.

Secretária fala

Assim que Marquinhos se posicionou, a secretária e os estudantes saíram do plenário. À reportagem do “Periscópio”, Marilda disse que o presidente tem autonomia, mas achou que seria autorizada a falar porque o dirigente de ensino também falou e o requerimento a convocando foi aprovado por unanimidade. “Todos os vereadores tiveram oportunidade de falar em ‘Questão de Ordem’ e eu não tive”.

Marilda também disse que não vê problema nenhum na instauração da CEI e que está disposta a esclarecer qualquer dúvida. Além da secretária, o JP também ouviu um dos estudantes que se manifestaram. “Não tinha porquê ela (Marilda) não estar falando hoje. Ela estava presente aqui. Isso não é correto”, declarou o estudante Felipe de Souza Arruda, do 3º ano do ensino médio do “Berreta”. (A.R)