“Oh capitain, my capitain!”
Hoje (15) é dia dos responsáveis por você estar lendo esse texto. E essa é a maior prova de que heróis não precisam de superpoderes
O longa-metragem “Sociedade dos Poetas Mortos” (1989) é uma das obras mais emblemáticas e é impossível não lembrar do inspirador Keating – vivido pelo eterno Robin Williams – no dia do professor. Com a filosofia “Carpe Diem” (Aproveite o dia), o profissional mostra, para quem ainda não percebeu, a importância desse exercício para a sociedade.
Infelizmente, a realidade do filme é romantizada quando comparada com o dia a dia de um professor de verdade, independente de ser da rede pública ou privada (há, obviamente, uma disparidade grande quanto às injustiças financeiras desses dois profissionais, no entanto, o intuito aqui é ressaltar a necessidade da profissão para o futuro da humanidade).
Palavras de quem faz
A professora do Colégio Castelinho Lívia Bruni conta que o maior motivo para escolher essa profissão nada fácil foi a paixão pelas crianças, principalmente pelos bebês, e com o tempo, no até então magistério, se identificou e percebeu que era o que, de fato, queria fazer. Depois de15 anos exercendo a profissão, prova a ela mesma todos os dias que fiz a escolha certa.
Apesar de chegar ao mesmo caminho de Lívia, o professor de Geografia e Atualidades do Ensino Fundamental e Médio, Erick Betussi, precisou passar por um caminho diferente. “A princípio queria ser bacharel em Geografia e trabalhar como Geógrafo. Enquanto eu cursava Geografia, na Universidade Estadual Paulista (UNESP), fui convidado a participar de um cursinho pré-vestibular para alunos carentes, e foi no momento em que coloquei pela primeira vez meus pés naquela sala de aula que percebi o que realmente queria fazer pelo resto de minha vida. Foi tão maravilhoso o que vivi naquele dia! Um misto de medo, insegurança, vontade, esperança pelos alunos que ali estavam, alegria etc. Foi simplesmente sobrenatural.”
Professores também são guerreiros. Além de ser preciso enfrentar a falta de interesse de alguns alunos, o desrespeito de outros, Lívia conta que, para ela, “o maior desafio hoje é a corrida contra o tempo. O excesso de informação, a tecnologia avançando cada vez mais e o tempo curto para lidar com tudo isso, certamente geram algum tipo de dificuldade na nossa rotina.” Já Erick observa um desafio diferente.“Como toda profissão, não podemos parar de estudar, de nos informar, de nos apropriar de novos meios e novas tecnologias, afinal de contas, o mundo e a sociedade vivem em constantes transformações; porém, acredito que não seja este o principal e maior desafio. O maior desafio diário é fazer com que todos aprendam, construam conhecimento com você. Cada aluno é especial na sua individualidade, com suas dificuldades e facilidades na aprendizagem; com os conhecimentos prévios e com a história de vida que ele traz para a sala de aula. Fazer com que todos aprendam, sem qualquer distinção, é o maior desafio”.
No entanto, as recompensas são equivalentes – ou, talvez, valham mais do que os desprazeres. Erick e Lívia concluem que o olhar dos alunos é uma das sensações mais gostosas que a profissão proporciona. “São muitos prazeres: os olhares de descoberta; a sensação de que ajudou um ser humano a conhecer mais do mundo, da sociedade e de si mesmo; o convívio e a relação paternal que se cria; cultivar sonhos; o conhecimento produzido. A carreira docente é feita de desafios prazerosos”, relata Erick. “Costumo usar uma frase ‘Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida’(Confúcio). Quando você faz o que realmente ama e tão somente porque ama, você é capaz de sentir prazer nas mínimas coisas. Um olhar, uma cartinha (ou 50 cartinhas!), uma resposta, mas, principalmente, sair no fim do dia tendo a certeza de ter dado uma boa aula, ou, também, sair na véspera de um feriado e ouvir de seus alunos ‘Ah tia, vou sentir sua falta!’ são coisas que dinheiro nenhum paga”, comenta Lívia.
Os professores explicam algumas das estratégias para prender a atenção dos alunos durante as aulas. Erick chama a atenção para a didática. “Casar diferentes linguagens e plataformas para o processo ensino-aprendizagem, como, por exemplo, mesclar aula expositiva, momento de lousa, momento de aplicação no dia a dia, debate, etc”. Além disso, o professor conta que a aplicação do que se foi discutido em aula no dia-a-dia ajuda a entender a matéria e o aprendizado torna-se mais fácil. “Fazer da aula um momento mágico, onde é possível chorar ao trabalhar uma tragédia, se sensibilizar pela dor do outro, debater sobre opiniões diferentes, rir nos momentos de autoconhecimento, bem como se calar também. Construir sonhos ao longo da aula faz com que todos fiquem vidrados”, Erick explica. “O fundamental é ter uma aula bem planejada, porque os alunos sentem isso. O domínio do assunto também é importantíssimo e diversificar e abusar dos recursos tecnológicos que temos disponíveis nos dias atuais é totalmente válido”, Lívia argumenta.
O mundialmente renomado educador, filósofo e pensador brasileiro, Paulo Freire, dentre tantas sábias palavras, há uma que merece maior destaque e nunca deverá ser esquecida: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.
Afinal, o que é ser um professor?
“Professor ou Educador, como muitos dizem hoje, é encantar e se encantar, é cativar e ser cativado, é amar umas ‘pessoinhas’, que até ontem não conhecia, como se fossem suas, é deixar de lado seus problemas e se tornar uma criança grande por algumas horas, é ensinar, e, mais do que ensinar, APRENDER. Quinze anos em sala de aula e cada dia aprendo algo novo, e sei que ainda tenho muito a aprender com as pessoas mais sinceras, amigas, amorosas e inteligentes: as crianças!” Lívia Bruni
“Costumo dizer que professor é um ‘Arquiteto de Sonhos’. Trabalhamos com os sonhos dos nossos alunos, afinal de contas, eles e seus pais depositam em nós a confiança de ajudá-los a olharem para o mundo e para seu futuro, com isso temos o ‘poder’ de construir esses sonhos, de alicerçá-los e, o mais importante, orientá-los” Erick Betussi