Asilo Colônia do Pirapitingui é tombado pelo Condephaat
Órgão também deliberou pela proteção de patrimônios nas cidades de Mogi das Cruzes, Casa Branca e Carapicuíba
O Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) decidiu pelo tombamento do Asilo Colônia do Pirapitingui, em Itu. O órgão também deliberou a proteção dos asilos de Cocais, localizado em Casa Branca, e o de Santo Ângelo, além do Preventório Santa Therezinha do Menino Jesus, localizados em Mogi das Cruzes e Carapicuíba, respectivamente.
A decisão representa a conclusão dos estudos técnicos sobre os remanescentes da rede paulista de profilaxia e tratamento da hanseníase. Essa rede foi construída com base no modelo hospitalar de isolamento, adotado em vários países do mundo no final do século XIX.
Além dos pavilhões de tratamento, os Asilos Colônia foram idealizados para funcionar como “minicidades”. Contavam com espaços e edificações que atendiam às necessidades diárias daqueles que viviam reclusos, desde a assistência religiosa (igrejas e templos de várias religiões) e a promoção do lazer (teatro, cinema, rádio, campos de futebol, quadras, bares), até o acesso a produtos manufaturados em pequenas fábricas instaladas no interior dos complexos.
Atualmente, todos os asilos ainda funcionam como instituições ligadas à área de saúde: hospitais municipais e estaduais, centro de reabilitação para dependentes químicos (Mogi das Cruzes) e para transtornos psiquiátricos (Casa Branca) e tratamento especializado em hanseníase (Itu).
Para Adda Ungaretti e Amanda Caporrino, da Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico da Secretaria da Cultura do Estado (UPPH), esta decisão representa uma ampliação do conceito de bem cultural, que insere o Estado em um debate crítico sobre políticas públicas adotadas no passado e no presente.
“Os estudos de tombamento concluíram que remanescentes dessa rede paulista de profilaxia e tratamento da hanseníase são documentos da lógica arquitetônica e territorial de isolamento, praticada pela saúde pública no país e no mundo”, afirma Adda.
“Os locais constituem a materialização dos estigmas socioculturais revestidos de bases científicas, imputados a milhares de portadores da doença durante décadas”, completa Amanda.