VIVO A PERGUNTAR
Perguntas, perguntas, perguntas
Varrem por meu psiquismo,
Como suave vento pampeiro.
Ou verdadeiro vendaval matreiro,
A indagar-me sem qualquer cerimônia, constantemente:
Por quê? Por quê? Por quê? . . .
Por que sou? Quem sou? Para onde vou?
Por que não serei uma árvore, uma ave, uma nave? Uma trave?
Serei apenas quem penso que sou?. . . Ou talvez nem isso seja,
Que a vida nunca foi, nem me é oferecida em bandeja.
Uma razão teórica, telúrica, ou hipótese do que seja,
“Bem Comum” que jamais dispensa o bem-fazer?
Nem mesmo se sou, quem a imaginar sou,
Mas vou, simplesmente, vou indo, como o vento vai
E empurra, ou é empurrado, ao sabor do alento,
que vem ao relento do vetusto tempo,
Dos primórdios da animalidade irracional instintiva,
Mas nem por isso invento ou me permito razão para dizer o que são,
O que foram, como foram em pretéritos tempos, mesmo imaginando-o, se acaso
E quando se tornaram razão, que me faz perguntar tanto,
A PENSAR que EXISTO evolutivamente.
Por que, para quê? Se, a história
Me diz pelos fatos, que a razão parcial humana,
Na prática, pouco mais é que exacerbação,
Descontrole de um EGO a que me apego, às vezes ou quase sempre exaltado,
Elevado a um grau de mérito inconsistente,
Tanto quanto inamovível, carcomido e vetusto prego
Fincado na trave mestra de barco medieval submerso,
O qual resta ainda impregnado, enrustido, inconfundível,
Na madeira que rasgou ao perfurá-la,
E permanece inamovível, inservível, enferrujado embora,
Mas incólume, visível, independente e ausente ao desastre
Que o fez submergir.
Em minha humilde autenticidade espontânea, vibrante ansiedade,
Vivo a perguntar e a implorar “Luz e Entendimento”, respostas válidas
Ao dom da vida que me é “lícita”, embora “nem tudo me convenha”,
Ambicionando respostas aos desastres,
Fenômenos previsíveis, imprevisíveis, incríveis, mas concretos
Nos milênios evolutivos transcorridos,
Na logística temporal inexistente
Mas latente, impossível entretanto de prever ao material destino humano.
Por isso continua válida a lúcida pergunta
Ou sentença do grande Vate:
“Ser ou não ser, eis a questão” . . .
E a perguntar, a perguntar, contínuo perscrutar caminho,
Convicto, ou cheio de indagações e dúvidas,
Mas afinal esperançoso, crente em desafio, a assentir
Missão, responsabilidade, dignidade,
Razão, a tentar descrever, a discernir opinião,
Respostas, que algum dia, no devir, virão! . . .
Erasmo Figueira Chaves (In memoriam)
Cadeira nº 31
Patrono Cesário Motta Júnior