Cinquentenário de uma conquista histórica
Como um time de meninos ituanos conquistou o Cruzeirão, um dos maiores torneios de salonismo do Brasil
Moura Nápoli
Maior e mais tradicional torneio de salonismo do interior, o Cruzeirão nasceu em 1960, em Sorocaba, e mantém-se até hoje, 56 anos após sua criação. O torneio foi criado pela Prefeitura Municipal de Sorocaba e conta com total apoio da Fundação Ubaldino do Amaral que mantém o Jornal Cruzeiro do Sul.
Em 1967, sétima edição da então novata competição, pela primeira vez, dois times de fora de Sorocaba chegaram a decisão: Grêmio Paula Souza (Itu) e União (Porto Feliz). O campeão foi o time de Itu que acabou fazendo história por ter sido o primeiro time não sorocabano a levantar o título. A vitória, incontestável, foi por 3×1.
José Carlos Rodrigues de Arruda, jornalista, e treinador do Grêmio Paula Souza e Melo – GPSM – na época, conta que “há 50 anos, nenhuma equipe de fora de Sorocaba havia conquistado o Cruzeirão. Eles [a organização] usavam de todas as artimanhas para não deixar nenhum time de fora chegar ao título”.
O jornalista lembra que o que surpreendeu a todos é que “o GPSM era um time praticamente formado por jogadores infantis ou juvenis e ninguém dava a devida importância. O jogador mais velho tinha 17 anos, exceção feita ao goleiro Assalin, que era adulto”.
Assim, por ser um time de garotos, as apresentações foram conquistando a simpatia da torcida sorocabana e quando “assustaram” o Grêmio já estava fazendo a semifinal, contra a Associação Atlética Ituana. A rapaziada do GPSM venceu e foi à final.
“O nosso time era bom, muito bom. Tanto que alguns meses antes havíamos sido o primeiro campeão ituano da história do Ginásio Joaquim Dias, recém inaugurado”, recorda Arruda que hoje desligou-se completamente do esporte. A lembrança e a saudade daquela conquista, entretanto, lhe é muito viva na memória.
Um dos destaques do time que tornou-se campeão foi Vitor Moraes. Hoje com 67 anos, Vitor relembra daquele time com saudade. “”Éramos acima de tudo muito unidos, muito amigos””.
Vitor, que tinha 17 para 18 anos na conquista do Cruzeirão, destaca a juventude dos companheiros, lembrando que apenas o goleiro Assalin era já adulto. Essa juventude, aparentemente – e apenas aparentemente – mostrava um time frágil e essa era a grande arma, pois quando o adversário “assustava”, estava irremediavelmente envolvido… e batido!
“O Zé Carlos [Rodrigues de Arruda] era um grande técnico. Um verdadeiro comandante. Treinávamos três vezes por semana e nosso conjunto era muito forte”, lembra Vitor.
É interessante lembrar que nem tudo foi só elogios. Houve quem dissesse que a conquista deveu-se ao goleiro Assalim, apenas. Na verdade, Assalim foi um dos grandes destaques daquele Cruzeirão, senão o maior. Mas os meninos – todos – eram realmente muito bons. Tanto é verdade que algum tempo depois, quando o time torneou-se o primeiro campeão de um torneio do então recém-inaugurado Ginásio Joaquim Dias, o goleiro não era Assalim, mas sim Constantino Nicolau, o Nico.
Sem dúvida com uma conquista marcante, a delegação do GPSM foi recepcionada com festa em Itu. O próprio prefeito João Machado esteve presente no Rex Bar, onde os jovens estiveram jantando em clima de muita alegria.
Dias depois, em Sorocaba, um banquete foi oferecido pela Prefeitura local, aos clubes finalistas. Na oportunidade, além da delegação do Grêmio, estiveram presentes o prefeito ituano João Machado, o presidente da Câmara Municipal, Humberto Fanchini e o deputado Estadual Dr. Archimedes Lamoglia.
Foto – Moura Nápoli