Mistério: animais do Zoonoses de Itu foram doados ou sacrificados?

ASPA-Itu aponta discrepâncias no número de óbitos na época que Sergio Castanheira chefiava setor. Vereador alega rixa política

 

A ONG ASPA-Itu (Associação de Socorro e Proteção aos Animais) entrou, no final do mês passado, com um pedido para apurar quantos animais mortos, entre caninos e felinos, foram entregues pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) à empresa responsável pela coleta de lixo no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2015, quando o vereador Sérgio Castanheira (PSD) estava à frente do serviço.

“O pedido da ASPA-Itu se dá pelo fato de que, em todo o ano de 2016, a EPPO não recolheu mais do que quatro (em média) óbitos por semana no Zoonoses da Vila Progresso (relato este feito por funcionários do Zoonoses e por um funcionário da empresa EPPO, que fez uma denúncia anônima)”, informou na representação o presidente da ONG, Ricardo Daunt.

A representação entregue ao MP alega ainda que o recolhimento dos animais de rua neste período era feito “sem reservas” e que multas contra maus tratos – previstas na legislação – não eram aplicadas. “Por que razão? Perda de votos?”, questiona o documento. A denúncia também foi divulgada pela fundadora da ASPA-Itu, Patrícia Daunt, no Facebook da entidade.

“Eu quero saber se os animais que foram recolhidos nas ruas de Itu foram doados ou eutanasiados”, explicou em vídeo, apontando discrepâncias no número de animais doados pelo CCZ e pela ONG – que conta hoje com mais de 400 cães abrigados.

 

Vereador fala

Castanheira abordou essa denúncia na sessão ordinária da Câmara na última segunda-feira (13). “Eu realmente não entendi esse pedido”, disse o edil, alegando haver uma rixa política. “Ficou muito claro que existe um interesse de prejudicar a imagem deste vereador”, apontou. O vereador ainda disse que um grande número de animais foi doado em sua administração.

“Anualmente eram doados por volta de 700 animais”. A afirmação irritou Patrícia, que estava presente na sessão e, da plateia, disse que os animais eram, sim, mortos, e não doados. “Está tudo registrado nos anais da secretaria do Centro de Zoonoses”, emendou Castanheira, que chegou a se emocionar, dizendo que a denúncia foi a maior decepção que teve em sua vida. “Estou extremamente magoado, porque não é o perfil desse vereador”.