A Bela e a Fera

Por André Roedel

A Disney possui uma fórmula “secreta” para atingir o sucesso em seus filmes. E essa fórmula nem sempre é fazer filmes excelentes, mas sim que apelem para a memória afetiva do espectador. É o que acontece em A Bela e a Fera, versão live action do sucesso animado de 1991 – que, por sua vez, é baseado em um conto de fadas de mesmo nome.

Tirando pequenas mudanças comportamentais nos personagens, o novo filme é uma transposição exata do desenho para a “vida real”. Então quem viu a animação quando criança – mesmo que não se recorde vivamente da história, que já foi recontada por diversas vezes – vai se recordar de passagens clássicas e das belas canções.

Se não fosse isso, A Bela e a Fera seria um filme apenas ok. Fazendo pulsar as lembranças da primeira infância de muitos da minha geração, se torna uma obra encantadora. Quem assiste simplesmente desliga um pouco a mente e volta a ter seus cinco, seis anos de idade, curtindo toda aquela fábula deliciosa que só a Disney sabe fazer.

Mas todo esse sucesso não é conquistado apenas apelando para a nostalgia, claro: a criteriosa escolha do elenco, o design de produção caprichadíssimo e a maquiagem exuberante (estes dois últimos pontos podem render até indicações ao Oscar) fazem o filme crescer ainda mais. Emma Watson cala alguns críticos e faz uma Bela autêntica, com um que a mais do que a vista no desenho animado. Ela é ainda mais destemida que a original.

Os demais atores, que na maior parte do tempo apenas emprestam a voz aos objetos falantes do castelo da Fera, ajudam a dar o tom fabulesco e exagerado do filme. Destaque para Ewan McGregor como Lumière, Ian McKellen como Horloge e Emma Thompson como madame Samovar. Ainda vale mencionar Luke Evans na pele do vilão Gaston e Josh Gad como o divertido e atrapalhado Le Fou.

Os efeitos especiais também se destacam no longa-metragem. A solução encontrada para os objetos animados foi perfeita, não deixando o filme tão caricato, mas também sem fazê-lo perder sua essência. O único problema pra mim foi a caracterização da Fera. Em muitos momentos parecia falso demais. Talvez um ator com uma maquiagem realística se sairia melhor que o boneco digital.

Mas não dá pra esquecer que A Bela e a Fera é um musical. E dos bons. Toda aquela magia da Disney está presente a cada canção executada. A principal, que é interpretada por Emma Thompson, não tem como não emocionar a todos. Se você é fã do desenho, vale o ingresso. Se não é, vale também, pois pode ser uma forma de você conhecer essa encantadora história de um amor que ultrapassa barreiras.

 

Nota:

 

 

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