Jogo “Baleia Azul” preocupa pais em Itu

Pais e psicólogo explicam suas impressões sobre o desafio, que já teria causado mortes em cidades do Brasil e do mundo

 

Daniel Nápoli

Nas últimas semanas, todo o Brasil passou a tomar conhecimento do “Jogo da Baleia Azul”, que propõe 50 desafios que envolvem a automutilação, sendo o último deles a prática do suicídio por parte do participante.

O jogo, que teria sido iniciado em 2015 na Rússia, teve relatos de duas mortes que teriam relação com os desafios, no próprio país europeu, e três mortes suspeitas que já são investigadas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública nas cidades brasileiras de Belo Horizonte (MG), Pará de Minas (MG) e Arcoverde (PE).

No município de Sorocaba, a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) investiga o envolvimento de um adolescente de 14 anos no jogo. No restante do Brasil, existem outros casos em investigação de jovens que estariam tentando deixar os desafios, porém receberiam ameaças dos chamados “curadores” do jogo, que envolveriam até mesmo a morte de familiares.

 

Preocupação

Tais casos têm gerado preocupação em muitos pais de crianças e adolescentes (principais alvos do desafio), inclusive em Itu. Pai de uma adolescente de 16 anos, o autônomo Roberto Luiz Orsi, de 53 aos, acredita que a participação dos pais na vida de seus filhos seja fundamental para mantê-los afastados de ameaças.

“Não só se falando em ‘Baleia Azul’, mas em muitos outros casos o mal é causado devido à omissão. Os pais precisam sempre ver o que seus filhos estão fazendo. Ainda mais hoje, com internet, o jovem não precisa sair de casa para conversar com o mundo”.

A respeito do temor de uma adesão da filha ao jogo, Roberto comenta: “Conversamos juntos e ela já havia visto reportagens sobre o caso, e achou um absurdo o que está acontecendo. Ela é jovem, mas tem ‘uma cabeça’ de adulta, ela é centrada”.

Mãe de um jovem de 13 anos, a assistente administrativa Ana Paula Dias, de 29 anos, comenta com indignação o caso. “Esse jogo, se é que podemos chamar essa barbaridade de jogo, é um absurdo. Conversei com o meu filho e, felizmente, ele compartilha da minha opinião”.

 

Análise

O “Periscópio” conversou com o psicólogo Marco Aurélio Ferrão dos Santos, que realiza uma análise sobre o caso. “O ‘Baleia Azul’, assim como diversos outros jogos que promovem desafios aos jovens em colocarem-se sob determinadas situações de risco, vem trazendo uma triste realidade para o mundo. Sem precisar de grandes pesquisas, rapidamente veremos textos e respostas categóricas sobre esses comportamentos, como se fossem assuntos banais, profundamente conhecidos e sob controle”.

Marco explica ainda que é preciso uma conscientização. “Compreender que nossas crianças e adolescentes trazem questionamentos, pensamentos e sentimentos próprios é uma demonstração de maturidade e disposição para enfrentar o problema. Oferecer ajuda antes da crítica e dialogar antes de discursar pode ser fundamental – além da principal necessidade de nos fazermos interessados e participativos na vida dos nossos jovens e de todas as suas peculiaridades. Culpar as mídias digitais é um argumento muito fácil. Logo, se não tenho respostas, acolhimento e atenção dos que estão do meu lado, vou buscar onde isso seja oferecido”, conclui.