Crise entre Gazzola e Carlota gera denúncias no Ministério Público

Prefeito alega que edil usa de “inverdades” nas redes sociais. Já vereador diz que chefe do Executivo quer “distorcer” fatos

Mais um capítulo na crise entre o prefeito Guilherme Gazzola e o vereador Reginaldo Carlota, ambos do PTB. Agora, a rixa entre eles saiu do plenário da Câmara e as redes sociais para chegar ao Ministério Público – que recebeu uma representação criminal contra o edil, que por sua vez denunciou o diretor de saúde Ricardo Mesquita.

Tudo começou quando o vereador apresentou em sua rede social uma denúncia de uma mãe que estaria com dificuldades de conseguir que a Prefeitura cumprisse uma ordem judicial para a entrega de alimentação especial para seu filho, de apenas seis anos, que sofre com uma grave doença.

Na publicação de 27 de abril, Carlota informou que a mãe conseguiu uma liminar, que saiu dia 25, para a Prefeitura fornecer o alimento, mas que não tinha sido atendida até então. Cada caixinha da dieta especial do garoto custa cerca de R$ 70.

Carlota informou em rede social que chegou, através de doações, a comprar 20 unidades do alimento especial. As caixinhas foram entregues no dia 28 de abril, mesmo dia em que a Prefeitura cumpriu a ordem judicial e entregou mais 120 unidades. A partir daí, a discussão passou para a esfera judicial.

 

Ministério Público acionado

No dia 2 de maio, Carlota entrou no MP com um pedido de investigação contra Ricardo Mesquita. Segundo o vereador, o diretor de saúde, ao entregar os alimentos para a mãe do garoto, agiu de forma “humilhante e ameaçadora”. Ainda de acordo com o edil, ele a teria intimidado a assinar um documento desmentindo o que Carlota havia publicado.

No dia seguinte, foi a vez da Prefeitura entrar com uma representação criminal contra Carlota.O documento começa explicando que a mãe do garoto entrou por diversas vezes com ações judiciais pedindo a modificação dos medicamentos e insumos ao garoto. A representação informa ainda que, desde 2011, a Prefeitura dá cumprimento às demandas.

O documento também aponta que Carlota teria descumprido o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) ao expor a imagem do menor, além de ter se utilizado de afirmações inverídicas, “uma vez que, nas redes sociais, o representado afirma que o munícipio descumpriu ordem judicial e prazo por ela estipulado”. A Prefeitura explica que foi intimida no dia 25, tendo cinco dias de prazo.

Na representação assinada por Gazzola, ainda é declarado que Carlota utiliza de “mentiras”, “valorização e auto promoção”. “O vereador (…) incita comportamentos violentos, utiliza de palavreado de baixo calão, distorce fatos verídicos criando inverdades, tudo em deplorável circo onde o ator principal coloca-se como paladino da justiça”, destaca o documento, que alega ainda que o vereador descumpriu as normas do regimento interno da Câmara com suas atitudes.

Além do documento, a Prefeitura enviou ao MP um áudio do momento da entrega dos alimentos especiais, feita por Mesquita e outros funcionários no dia 28. O “Periscópio” teve acesso à gravação. Nela, tudo transcorre de forma normal, sem apresentar intimidações.

 

“Vilão da história”

Procurado pelo JP, o vereador Carlota enviou uma declaração a respeito do caso. “O prefeito de Itu, ao saber que eu denunciei o caso no Ministério Público, entrou com uma representação criminal contra mim, onde eu, que cobrei e fiz toda a correria para o menino não ficar sem o alimento, me tornei ‘o vilão’ da história”, apontou o edil, dizendo ainda que tal representação foi enviada para todos os vereadores na tentativa de o intimidá-lo.

Carlota declarou que tudo que apresentou é verídico e tem provas, e as apresentará à Justiça quando solicitado. “Não pratiquei crime algum, muito menos qualquer um que inflija ECA, uma vez que não ocorreu nenhum crime contra a integridade da criança”, prossegue. “O prefeito já sabe disso, e sua intenção é claramente distorcer os fatos para justificar sua falta de providências contra o verdadeiro crime em questão, que é seu diretor ter constrangido, humilhado e ameaçado uma mãe”.

 

“Evitar politização”

Já a Prefeitura alega que tem como principal interesse “preservar os direitos da criança e evitar a politização de um caso de saúde”. Questionado sobre qual atitude espera que seja tomada pela representação, o Poder Público quer a “responsabilização civil, criminal do vereador e de qualquer pessoa que distorça a verdade, se apropriando indevidamente dos créditos pela prestação de um serviço público já previsto”.