Ninguém Entra, Ninguém Sai

Por André Roedel

Comédia levemente inspirada na crônica “No motel”, do genial escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo, Ninguém Entra, Ninguém Sai (2017, Caribe Produções) é mais uma produção esquecível realizada pelo cinema nacional. Até faz rir em alguns momentos por conta do elenco recheado de grandes nomes do humor brasileiro na atualidade, mas não sai disso mesmo.

O filme mostra um motel sendo fechado após a contaminação por um vírus. As pessoas que estavam nele no momento ficam impedidas de sair, para evitar contaminar o restante da população. Nisso, situações inusitadas e absurdas começam a acontecer no local. Porém, o trabalho do diretor Hsu Chien (que tem em seu currículo a série Pé na Cova) e do roteirista Paulo Halm não foi o mais indicado para tal trama, que poderia render tiradas interessantes e mais próximas da genialidade do texto de Verissimo.

O resultado final são esquetes semelhantes à de programas como o Zorra Total, com personagens caricatos e piadas manjadas. Tem a juíza sadomasoquista (Danielle Winits), a virgem recatada (Mariana Santos), o assaltante que aparece após fugir de uma blitz (Rafael Infante)… Isso sem contar aqueles personagens que mal são apresentados na fraca película – que, ao menos, tem apenas 1h30 de duração. Mas, para essa duração, o elenco inchado demais (até Sidney Magal e Sergio Mallandro estão na produção!) acaba sendo um grande problema. Muitos atores acabam servindo para uma piada só!

Entre os problemas do filme, além de todos de ordem técnica comuns nas produções brasileiras, o que mais me irritou foi o tom exagerado de alguns desses inúmeros atores, resultando em personagens mais histriônicos do que o normal. É o caso de André Mattos (que parece ser o mesmo em qualquer filme que faz), no papel de uma autoridade policial, e Guta Stresser (a eterna Bebel de A Grande Família), que interpreta a faxineira do motel.

Ninguém Entra, Ninguém Sai pode ser resumido em um grande desperdício de ideias, de talentos (apesar de achar que alguns nomes considerados expoentes do humor atual são bem medianos) e de dinheiro – e o pior: dinheiro público, uma vez que o filme conta com apoio da Ancine (Agência Nacional do Cinema).

Mas se você é daqueles que ri de qualquer coisa e não liga para boas atuações e um roteiro inteligente, talvez Ninguém Entra, Ninguém Sai seja uma pedida interessante para distrair… Afinal, gosto é gosto. Para mim, é um filme que apenas veio pra tentar surfar na onda de sucessos como Minha Mãe É Uma Peça e daqui pouco tempo ninguém mais vai lembrar. Por isso, recomendo: assista por sua conta e risco.

 

Nota:

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