O primeiro olhar…
O primeiro choro, o primeiro sorriso, o primeiro passo. A primeira vez que eu consegui falar, a primeira papinha, o primeiro banho, a primeira fralda suja.
Você me ensinou que lágrimas não são tão diferentes da chuva; ambas acabam e não é mais preciso ter medo. Por mais que você tentasse amenizar todas as dificuldades diárias da vida, você me ensinou a ter a coragem como segundo nome. Você me ensinou que o melhor lugar do mundo é o seu colo, e, por esse motivo, meu lar é onde você está.
Talvez você nem estivesse procurando esse cargo na empresa Vida, mas o Universo resolveu te oferecer a profissão maternal. E você aceitou (tudo bem se ficou com um pouco de medo a princípio, falam que todo mundo fica), mesmo sabendo que não seria assalariada – muito pelo contrário – ou que você não poderia se demitir depois. Que coragem! Eu espero que tenha valido a pena a espera. Seja por nove meses, por oito ou sete, ou até mesmo por cinco ou seis meses.
Você diz que uma das melhores sensações da sua vida foi me ouvir te chamando de “mamãe”, mas, se eu pudesse me lembrar do tempo em que passei dentro de você – fisicamente –, não tenho dúvidas de que te ouvir chamando por mim seria tão incrível quanto. Ou, quiçá, mais incrível.
Às vezes, pode parecer que eu esqueça de alguns cuidados que você teve e de algumas coisas que você falou, por isso, é importante que você me lembre (se não for pedir muito), porque eu não quero decepcioná-la nunca. Tudo o que eu sou e tudo o que eu tenho é graças a você. Tudo o que eu faço é por você.
Gratidão, mãe. Gratidão por ter me apresentado ao mundo e me ensinado a amá-lo e enfrentá-lo. Gratidão por todas as broncas, que me fizeram maior. Gratidão por todos os dias da minha vida.
Se nas gestações convencionais o parto representa o momento em que mãe e filho se separam, no caso de Kátia e Murilo Pereira dos Santos, de 47 e 17 anos, respectivamente, essa realidade seguiu a lógica inversa. Ituano, o jovem convive diariamente com as limitações impostas pela paralisia cerebral, decorrente de um erro médico durante o nascimento.
”O sentimento de gerar um ser é uma coisa inexplicável. A vida se formando; a troca entre mãe e filho é maravilhosa. É o amor no mais amplo sentido da palavra. E foi assim que tudo começou entre mim e você. Tudo era uma incógnita. Como você seria, como se chamaria, se nasceria de parto normal ou cesariana. E assim se passaram nove meses. Você nasceu de uma cesárea feita às pressas, pois estava sofrendo por falta de oxigênio. Nossa separação naquele momento se fez necessária, pois você precisava de cuidados de UTI. Aqueles dez dias para mim pareceram dez anos, mas o meu guerreiro aguentou firme. Minha vida a partir daí mudou radicalmente, pois você necessita de cuidados especiais. A vida passou a ter outro sentido pra mim, pois você sempre vem em primeiro lugar. A nossa relação é de total cumplicidade. Você fala, mas seu olhar já me diz tudo. Eu sou suas mãos para escrever, comer… Enfim, tudo o que necessite de coordenação motora, mas, em contrapartida, você é meu melhor amigo, meu confidente, meu parceiro de todas as horas. Eu creio que essa capacidade de amar imensuravelmente foi você quem me trouxe, e a sua evolução dia a dia me dá forças e me faz feliz. Te amo!” Kátia Maria Pereira dos Santos
“Minha relação com minha mãe sempre foi muito além da maternidade. Quando nasci, ela abdicou de seu emprego para cuidar de mim, intensificando ainda mais esse laço. A partir da metade do sétimo ano do Ensino Fundamental, surgiu a necessidade dela me acompanhar em sala de aula, pois meus amigos já não estavam dando conta de me auxiliar. A relação, que já era muito próxima, tornou-se algo inexplicável. Minha mãe sempre foi muito aberta para conversar comigo, principalmente sobre minha deficiência. Hoje, vivo a fase mais complicada da vida: a adolescência. Nela, começaram a surgir inúmeros questionamentos. Em nossas conversas, ela é sincera e me faz enxergar os fatos do jeito que eles realmente são. Tal atitude é responsável por eu aceitar minhas condições físicas, pois esses diálogos não somente possibilitam que eu compreenda minhas dificuldades, mas me motivam a procurar evoluir cada dia mais para que eu possa atingir meus objetivos. A amizade que construímos é uma das melhores que tenho. Sou infinitamente grato por tudo que ela faz em prol do meu bem estar. Mãe, sem você eu não seria nada!” Murilo Pereira dos Santos
“Eu tive uma gestação perfeita, até um sábado que fui surpreendida por um líquido. Fui ao hospital e me disseram que de lá eu não sairia mais. Foi então que descobri que minha filha nasceria dois dias depois, em 21 de julho de 2014, com apenas 30 semanas de gestação. Laura nasceu com 41,5 cm e 1,650 kg. Meu marido foi conhecê-la no neonatal e veio todo contente dizer que ela era linda, que possivelmente sairia dos tubos rapidamente. Quando pude levantar da cama, fui conhecê-la e me deparei com minha filha roxa, pois tinha acabado de ter uma parada cardíaca. Quando tive alta e fui falar tchau, ela tinha tido outra parada, que demorou 15 minutos para voltar. No dia 24 de julho, a batizei, pois ela já tinha tido hemorragia no pulmão e o rim já havia paralisado. No dia 26, escutei que tudo o que a medicina tinha por fazer por ela já havia sido feito. Ela teria que responder; comecei a rezar com toda a fé que existia dentro de mim, e o xixi que não saia nem com a sonda começou a aparecer na sonda. Foi quando ela começou a melhorar e desinchar. Com muita luta a cada intercorrência, teve alta após 60 dias. Hoje, aos 2 anos e 9 meses e diagnosticada com paralisia cerebral, ela já superou muito. Vibramos com cada conquista. Laura, minha guerreira, você é meu melhor presente. Te amo além da vida!” Tânia Cristofoletti Belini
A mais antiga comemoração do dia das mães é mitológica. Na Grécia antiga, a entrada da primavera era festejada em honra a Rhea, Mãe dos Deuses. Nos Estados Unidos, as primeiras sugestões em prol da criação de uma data para a celebração das mães foi dada pela ativista Ann Maria Reeves Jarvis, que fundou em 1858 os Mothers Days Works Clubs, com o objetivo de diminuir a mortalidade de crianças em famílias de trabalhadores. Em 1870, a escritora Julia Ward Howe publicou o manifesto Mother’s Day Proclamation (Proclamação do Dia das Mães), pedindo paz e desarmamento depois da Guerra de Secessão.