Rei Arthur: A Lenda da Espada

Por André Roedel

Mexer numa história tradicional e muito conhecida sempre é tarefa arriscada. Porém, reimaginar a lenda do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda não é algo tão perigoso. Isso porque o conto do líder britânico não é rodeado de fãs atualmente como personagens de histórias em quadrinhos e de videogames – que ficam possessos quando alguma modificação neles é feita.

Por isso Rei Arthur: A Lenda da Espada é um filme mais confortável. Mexe com um mito que vinha esquecido e confere um status de superprodução, com ótimas sequências de ação e um 3D muito decente – como há muito tempo eu não via. Tudo isso com a marca pessoal do diretor Guy Ritchie, que leva seu estilo único para a Inglaterra do passado.

E novamente o ex-marido de Madonna tem essa tarefa de repensar histórias antigas. Ele fez isso de maneira competente nos dois Sherlock Holmes com Robert Downey Jr. no papel principal. Os filmes contavam com o experiente Jude Law na pele do Dr. Watson. Ritchie repete a parceria com o ator em Rei Arthur, mas desta vez ele vive um vilão.

O mocinho – que não é tão mocinho assim – é vivido por Charlie Hunnam, o eterno Jax Teller da série Sons of Anarchy. Com pinta de bad boy, o novo Arthur cresceu nas ruas e tem que enfrentar o tio, o Rei Vortigern (Law), para reconquistar o que é seu por direito. Um enredo que, apesar de ser novo para o contexto da mitologia, já foi repetido à exaustão em outros filmes. E isso faz com que a película não tenha tanto carisma e escorregue em muitas cenas.

Apesar da trama não ter tanto brilho, a direção merece elogios. Ritchie consegue empregar sua marca à produção, como aquele ritmo frenético que deixa o espectador atordoado. Aliás, esse agito todo do diretor resulta num vai-e-vem temporal que pode fazer com que quem esteja assistindo se perca um pouco no desenrolar da história. Mas nada que atrapalhe muito.

As atuações não chegam a incomodar, mas estão longe de ser o ponto alto do filme. A melhor coisa dele é o universo criado, que pode se expandir para uma franquia facilmente. Porém, resta a Ritchie e demais produtores que tornem as histórias e os personagens desse mundo de monarquia e magia mais interessante. Pois ficou faltando isso em Rei Arthur: A Lenda da Espada: identificação com todos aqueles rostos que aparecem em tela.

O filme conta com um grande número de personagens. Muitos não dão nem pra conseguir gravar o nome de tão irrelevantes que são. Se houvesse uma pitada maior de carisma… Como não tem, o jeito é se contentar com um filme bacana, com ação na medida, diálogos rápidos e divertidos e um 3D decente, mas que parece ter ficado sem muita coisa que o enriqueceria. Talvez a ausência de Merlin seja uma delas.

 

Nota:

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