Periscópio Entrevista: Geraldo Gonçalves Júnior
Nesta semana, o “Periscópio” entrevista Geraldo Gonçalves Júnior, secretário municipal de Cultura de Itu. Sócio consultor da Edigital Consultoria e Treinamento, mestre em Administração, professor do curso de administração da PUC Campinas, graduado em formação de Oficial do Exército pela Academia Militar das Agulhas Negras, mestre em Ciências Militares pela Escola Superior de Oficiais do Exército Brasileiro, Geraldo avalia os primeiros seis meses à frente da pasta, fala sobre os desafios a ser enfrentados, destaca o Festival de Artes de Itu que está começando e também revela os futuros projetos para cidade. Confira:
JP- Assim que assumiu a secretaria, quais foram as dificuldades que o senhor teve que enfrentar?
Como em qualquer cargo que se assume, as principais questões estão relacionadas com o conhecimento das práticas que vinham sendo adotadas e do estabelecimento de novas regras e diretrizes estratégicas. É quebrar o famoso “sempre fizemos dessa maneira”. No caso específico da Secretaria de Cultura, era notável a necessidade de aumentar o relacionamento com os agentes e produtores de cultura da cidade e ampliar o relacionamento com todos os segmentos da cultura.
O desafio é a criação de uma relação menos conflituosa e polarizada onde se perceba que o diálogo é construído não apenas com a concordância, mas também com a aceitação das opiniões adversas. Neste sentido, até mesmo os conflitos que têm surgido tem permitido o crescimento dessas relações.
JP– Passados seis meses, quais foram os avanços promovidos pelo senhor no setor?
Em primeiro lugar buscamos nos organizar em função da nova estrutura da Secretaria. Nesta gestão foi criada uma nova diretoria, voltada para o patrimônio histórico da cidade. Depois buscamos ampliar o relacionamento com os agentes de cultura. Da mesma forma, apresentarmos ao empresariado local a possibilidade de investir em projetos incentivados pelo Governo do Estado. Também ampliamos nossa captação de projetos que possam se desenvolver na cidade e que tenham patrocínio de empresas ou dos governos Estadual e Federal. Instalamos o Conselho Municipal de Política Cultural, estamos iniciando a reativação do Conselho de Defesa do Patrimônio. Enfim, temos realizado ações em múltiplas frentes para dotar a cidade de uma política e de uma ação cultural mais efetiva.
JP – Já é possível afirmar que a pasta possui a “sua cara”?
Ainda que eu seja a face visível da cultura, quero acreditar que sou apenas o catalisador da vontade da coletividade a qual me cabe o papel de servir. Se a Secretaria estiver cumprindo esse papel ela estará então com a “nossa cara”, que é seu verdadeiro propósito em minha opinião.
JP – A respeito do 24º Festival de Artes de Itu, como foram os preparativos?
Ao assumir a secretaria fui informado que ainda não havia um planejamento para o Festival de Artes e, se isso por um lado era bom, por outro nos permitiu repensar o próprio papel do Festival nos últimos anos. O Festival vinha se restringindo a realização de eventos, na sua maioria musicais, obtidos através de apoiadores (Sesi, Sesc, empresas, Governo do Estado, etc). Como poderíamos fazer algo diferente, mesmo com enormes restrições orçamentárias em função da crise econômica, pudemos nos orientar para transformar o Festival em uma celebração da cultura ituana, onde tivemos tanto a participação de artistas e grupos locais quanto de aqueles que são patrocinados de alguma forma. E foi o que fizemos. Ainda não conseguimos esse ano, como é nosso desejo, publicar editais de chamamento público para fornecer recursos a todos os participantes. Mas esperamos que no ano que vem já possamos realizar.
JP– O que a população ituana pode esperar de diferente dos últimos anos, em relação a esta edição?
Em primeiro lugar, esse será um Festival plural como entendemos que deva ser a cultura. Teremos eventos em variadas áreas, buscando cobrir todos os principais segmentos da cultura de nossa cidade. Também teremos a participação significativa de grupos e artistas locais junto com aqueles que virão em função dos apoiadores. Serão mais de 50 eventos distribuídos ao longo de duas semanas, o que o deixará entre os que mais ofereceram oportunidades de participação à população.
JP– Falando na distribuição dos eventos do Festival de Artes, em diversos pontos do município, podemos esperar novas “descentralizações” nas edições próximas?
De forma geral, ainda que o desejo fosse distribuir os eventos para as mais variadas áreas do município, acabamos por centralizá-los em torno da área central da cidade, notadamente na Praça Padre Miguel. E isso se deveu por conta dos próprios artistas que têm o maior interesse em lá realizar suas apresentações. Quando oferecíamos outros locais, a maior parte pedia para mudar. Para as próximas versões pretendemos mudar nossa estratégia de construção do Festival. Mas não queremos estragar nossas surpresas para o futuro.
JP- Quais são os próximos projetos que o senhor pretende implantar na Cultura?
Ainda estamos atrás de implantar todas as nossas propostas anunciadas em nossas primeiras reuniões com a comunidade. Estamos em fase final de implantação do Mapa Cultural, demos o início aos estudos para atualizar o Plano Municipal de Cultura, estamos regulamentando a Lei de Incentivo à Cultura do Município, unificamos o Projeto Guri e a Escola Municipal de Iniciação Artística, realizaremos a primeira Jornada do Patrimônio, dentro das comemorações da Semana Nacional do Patrimônio Cultural, daremos início à operação do Centro de Esportes e Artes Unificado – CEU. As frentes são muitas e esperamos conseguir atingir nossos objetivos com o apoio que temos recebido tanto da Prefeitura quanto da comunidade.