Homem-Aranha: De Volta ao Lar

Por André Roedel

O cabeça-de-teia está de volta às telonas depois da fracassada tentativa de reboot da franquia, que teve Andrew Garfield no papel principal. Homem-Aranha: De Volta ao Lar, a grande estreia da semana e também do período de férias, tem esse sugestivo nome porque traz o personagem, propriedade há anos da Sony nos cinemas, para sob o guarda-chuva da Marvel Studios, produtora de sucessos como Homem de Ferro e Vingadores – afinal, a editora é a casa do teioso. E toda a introdução do herói a esse universo já conhecido de muita gente é feita de uma maneira muito orgânica e natural, sem soar forçado.

Em De Volta ao Lar, vemos Tom Holland – que já havia desempenhado o papel em Capitão América: Guerra Civil – como um Peter Parker de apenas 15 anos tentando conciliar a vida recém-adquirida de super-herói com a de um estudante de ensino médio. Toda essa premissa é muito interessante, principalmente porque conseguimos ver o personagem passar mais tempo resolvendo problemas, de certa forma, mundanos. Os mesmos que fizeram do Aranha ser tão querido pelos fãs de quadrinhos, que podiam “se ver” nele. Um grande Amigão da Vizinhança.

Essa interação entre Peter e seus colegas de escola (principalmente o Ned de Jacob Batalon) é uma das coisas mais divertidas do filme, que pode ser considerada uma grande comédia adolescente com boas pitadas de heroísmo. Mas a parte da ação não deixa a desejar, com um vilão interessantíssimo que é o Abutre de Michael Keaton. Ameaçador como nem o personagem original é, essa versão do clássico antagonista pode entrar facilmente para o rol de grandes vilões da Marvel – o que, convenhamos, também não é tarefa das mais difíceis.

As referências certeiras ao universo do herói, a paixonite pela crush Liz (Laura Harrier) e a relação quase de pai e filho com Tony Stark (Robert Downey Jr.) são outros pontos altos da produção, que tem ótimos efeitos especiais. Com relação ao Homem de Ferro, fui surpreendido positivamente pela participação apenas pontual do personagem. Pelo que tinha sido divulgado pelo material promocional, parecia que ele teria um papel mais regular ao longo da projeção. O elenco de apoio também vai bem, com destaque para a jovem Tia May de Marisa Tomei e o surpreendente Flash Thompson de Tony Revolori.

Mas é claro que nem tudo é perfeito, o que faz os dois primeiros filmes do Homem-Aranha (dirigidos por Sam Raimi) ainda serem os melhores do universo aracnídeo. A essência do personagem está lá, mas ainda faltam coisas, elementos que já haviam sido mostrados no já clássico de 2002. Talvez vejamos todo o senso de responsabilidade aprendido com o Tio Ben numa continuação. Neste filme, fica a impressão de que Sony e Marvel juntaram todas as versões do herói, bateram num liquidificador e fizeram uma nova – que, é bom frisar, está longe de ser ruim; apenas é diferente.

Reunindo ótimas referências a clássicos oitentistas como Clube dos Cinco e Curtindo a Vida Adoidado, Homem-Aranha: De Volta ao Lar é um filme divertidíssimo que leva o personagem para uma nova geração, recuperando o contexto colegial que ainda não havia sido apresentado tão bem nos anteriores. Também promove a inserção do personagem de forma correta ao Universo Cinematográfico da Marvel e deixa quem assiste morrendo de vontade de ver as acrobacias e aventuras do herói novamente. Vale o ingresso.

 

Nota:

 

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