Entrevista Periscópio – Marcelo Simonato

Foto: Divulgação

Nesta semana, o “Periscópio” entrevista o escritor, palestrante e mentor de carreiras Marcelo Simonato. Ele é graduado em Administração de Empresas e Comércio Exterior pela Universidade Paulista, possui pós-graduação em Finanças Empresarias pela Fundação Getúlio Vargas e MBA em Gestão Empresarial pela Lassale University, na Philadelphia-EUA.

Simonato tem mais de 20 anos de experiência profissional, tendo atuado em grandes empresas nacionais e multinacionais em cargos de liderança. Atualmente, é Diretor Financeiro em uma multinacional espanhola em São Paulo. Autor do livro “EMPREGO 2.0 – Como conquistar, manter e crescer na carreira”, hoje ele tem como propósito levar conhecimento e informação de qualidade baseada em sua experiência profissional e acadêmica, deixando assim uma marca de motivação e transformação por onde passa.

 

JP – Nesse momento de crise econômica e que as empresas estão contratando cada vez menos, como deve se portar quem está na busca de uma primeira oportunidade de trabalho?

Quem busca o primeiro emprego, de forma geral, não possui muita experiência e isso dificulta ainda mais a sua contratação. Minha sugestão é que se busque um estágio ainda na fase de estudos e trabalhe muito para garantir a efetivação. No caso daqueles que não estão cursando uma universidade, o jeito é buscar adquirir experiência trabalhando de forma fracionada em alguns lugares, sendo inclusive em alguns casos, de graça. Parece absurdo, mas não é. Os empresários não estão contratando alguém para o mês cheio, mas há espaço para trabalhos pontuais e de curta duração. Qual o segredo: ao conseguir uma dessas oportunidades, mostre seu valor, trabalhe como se fosse o dono e mostre que com você ali, a empresa só tem a lucrar.

Nessa fase, o mais importante é mostrar atitude e dedicação.

 

JP – Iniciar uma carreira profissional está mais difícil ou mais fácil do que retomar? Por quê?

O jovem tem a seu favor uma vida inteira para trabalhar, porém não possui experiência e hoje já não busca estabilidade de emprego. Já quem está desempregado, possui alguma experiência, porém pode não ser a experiência que o mercado está buscando. Na prática, ambos estão desempregados e por isso precisam entender qual a situação atual e futura de sua profissão, conhecer o mercado de trabalho para seu ramo de atuação, definir o seu objetivo profissional e se preparar para uma boa entrevista. Muitas vezes, as vagas de emprego estão em lugares onde ninguém procura. Talvez seja a hora de pensar nas demais cidades ou até estados e, assim, ampliar seu horizonte de busca. Pensar em mais de uma ocupação e ter uma renda extra também se torna cada vez mais importante.

 

JP – Quais são os erros mais comuns de um profissional que busca uma vaga? Como evitá-los?

Não definir um objetivo claro no seu currículo. Não escrever corretamente um currículo. Não saber como procurar vagas. Não se preparar e não saber se comportar em uma entrevista. Ter vergonha de falar para seus familiares, amigos e vizinhos de que está desempregado é um erro que muitos cometem. Mais de 60% das vagas de emprego são conquistadas através de uma indicação (networking). Outro erro cometido por muitos profissionais é o de restringir muito a localização onde deseja trabalhar.

Se não tem trabalho em sua cidade, amplie seu campo de busca e saiba que muitas vezes isso pode significar até uma mudança de cidade/estado. Para os que foram demitidos, um erro comum é o de “sair de férias”. Um profissional que tenha perdido o emprego não deve se dar ao luxo de sair de férias. A primeira ação de alguém que está buscando emprego é acionar toda sua rede de contatos e se mostrar disponível para o mercado e pedir ajuda.

 

JP – Pró-atividade é a chave para o profissional de sucesso atualmente? Quais outras qualidades são muito valorizadas pelas empresas?

Sim, mais do que experiência, conhecimento técnico ou um diploma, o que a empresa busca é atitude. O colaborador de sucesso possui cinco pilares essenciais: conhecimento, marketing pessoal, networking, inteligência emocional e liderança. Não adianta ter conhecimento, precisa saber vender isso ao mercado, precisa conhecer gente e estar disposto a ajudar para depois ser ajudado, ter um bom equilíbrio emocional (as empresas não aceitam mais certos comportamentos) e, por fim, ser líder de si mesmo antes de querer liderar outros. O profissional precisa cumprir com seus compromissos, fazer mais do que a função exige.

 

JP – Investir num próprio negócio ou projeto parado é uma boa para quem busca recolocação e não consegue?

Uma pergunta bastante difícil. Nós sabemos que mais de 50% das empresas abertas no Brasil fecham em menos de um ano de vida e outras 27% fecham no segundo ano de existência. Sabe por quê? Elas são frutos de profissionais que ficaram desempregados e apostaram toda sua rescisão e economias na abertura de uma empresa, porém sem nenhum ou com muito pouco planejamento e experiência no ramo. Eu recomendo fortemente que as pessoas tenham um negócio próprio, um plano B, porém acredito que este projeto deva começar enquanto ainda se está trabalhando, pois não podemos colocar nossa dependência financeira em um projeto que está começando a nascer. Para quem está desempregado e possui alguma reserva, minha recomendação é que não invista todo seu recurso ou pior, não entre em dividas para abrir um negócio próprio. Melhor reduzir as despesas, conseguir trabalhos pontuais e continuar se preparando e procurando o emprego ideal.

 

JP – Quais são os principais pontos que um candidato deve destacar no currículo?

O objetivo precisa estar bem claro e deve ser resumido em duas palavras: área de atuação e cargo. Exemplo: Gerente Comercial, Analista Financeiro, Supervisor de Produção.

Outra questão muito importante é que o currículo não contenha dados desnecessários, como número de RG ou CPF, idade dos filhos, endereço das empresas, etc. Pense o seguinte: O contratante deseja saber se você tem o conhecimento e experiência necessária para resolver os problemas dele, afinal é para isso que somos contratados, para resolver algo, seja na produção, nas vendas, no controle, na administração. Ou você gera lucro ou reduz custo para a empresa, essa é a questão.

Eu recomendo fortemente a leitura do meu livro, “EMPREGO 2.0 – Como conquistar, manter e crescer na carreira” (para adquirir: www.marcelosimonato.com/publicacoes), onde no mesmo trago todas essas informações com bastante detalhe.

 

JP – Quais as principais dicas para quem quer realizar um planejamento de carreira?

Eu julgo importante ter o acompanhamento de um mentor, conselheiro ou coach. Transformar o seu sonho num planejamento sério com etapas, datas e atividades para se chegar onde pretende. Com planejamento, é possível conquistar o seu objetivo. Imagine que estou no ponto A e quero chegar no ponto B. Quais passos devo dar? Eu tenho um mentor de carreira, mesmo já sendo diretor de uma multinacional e ao mesmo tempo sou mentor de várias pessoas que também buscam crescer na carreira.

 

JP – Você acredita que a geração que está sendo formada estará mais ou menos preparada para o mercado de trabalho?

Se pensarmos em termos tecnológicos, eles estão mais avançados, pois já nascem em meio ao mundo digital. Porém, vejo no mercado de trabalho que os jovens estão vindo para a empresa achando que ali é a extensão da faculdade, o que definitivamente não é.

Eles não têm muita paciência para esperar as coisas acontecerem, possuem baixa resiliência e controle emocional e trocam de empresa muito facilmente, o que torna sua carreira muito fracionada. Essa é a maior preocupação das áreas de Recursos Humanos hoje, como lidar com a geração Y e Z e como tirar o melhor proveito das gerações passadas que ainda estão no mercado de trabalho para que possa haver um equilíbrio entre as gerações. Os jovens têm muito a aprender com os profissionais mais experientes, mas sem dúvida também podem ensinar coisas novas. Precisamos achar esse meio termo.