Periscópio Entrevista – Herculano Neto
Nesta semana, o “Periscópio” entrevista Herculano Neto, idealizador e organizador do Rodeio Itu – que em 2017 chega a sua 11ª edição, trazendo importantes provas de montaria e os grandes nomes da música sertaneja atualmente. Ele fala sobre as mudanças para o evento deste ano, os desafios para a realização e também sobre os planos para os próximos anos. Confira!
JP – Como surgiu esse sonho de realizar um rodeio aqui em Itu?
Eu estava no último ano da faculdade de Direito e eu vi que não era pra mim. Eu gostava mesmo de eventos, já tinha feito uma micareta chamada “CarnaItu” em 2002. Rodeio era muito distante de mim. Quem gostava de cavalo em casa era meu pai, meu avô. Chegou um dia e eu quebrei minha mão. Durante consulta com o médico ortopedista Luiz Fernando Teochi, o celular dele tocou – e a música era da banda Bad Religion. Brinquei com aquilo e, dali pra frente, nos tornamos amigos. E ele me sugeriu fazer um rodeio. Na época ele era médico da PBR (Professional Bull Riders, empresa que promove competições internacionais de montaria em touros). Ele que me deu o start. No primeiro ano nós montamos uma comissão com vários empresários da cidade e, como tudo que começa, teve alguns problemas.
JP – Muitas pessoas consideram o Rodeio de Itu como um dos melhores. Como você se sente vendo a evolução dessa “criança” que você criou?
Uma criança é um termo muito legal. É um filho para mim. Eu acabei fazendo uma parceria com um pessoal mais especializado em eventos, que se tornaram meus sócios, mas de 2012 pra cá eu estou sozinho nisso. Começou pequeno, algumas parcerias foram imprescindíveis nesses primeiros anos, alguns amigos que acreditaram no negócio como o José Augusto Schincariol, que eu sou muito grato a ele. Ele acreditou no projeto. E a coisa foi tomando forma, foi crescendo. Eu fui ter noção em 2012, no Rio de Janeiro, quando uma menina perguntou de onde eu era, eu falei que era de Itu. Achei que ela ia falar da parmegiana, do “tudo grande” ou da Anzu. E ela falou “eu já fui no Rodeio lá duas vezes”. E outra menina disse o mesmo. Até recebi uma ligação recentemente de um cara da Crystal e ele disse que está tendo dificuldade de achar hotel na região. É bacana você ver que aquece o comércio regional. Hotel, restaurante esperam por isso. Eu fico orgulhoso de montar um negócio desse. Se você pegar entre Sorocaba e Campinas, não tem nada maior.
JP – Ano passado, em entrevista ao “Periscópio”, você comentou sobre o empresariado abraçar mais o Rodeio em Itu. Isso mudou?
Não, não mudou. Por um lado eu estou super feliz porque eu tenho outros parceiros externos que reconhecem o tamanho do evento e querem investir. Esse reconhecimento foi legal. Tem várias outras empresas. E empresas locais que ajudam, compram camarote. É claro que o momento do país é muito complicado, mas eu sinto, sim, falta de um envolvimento maior do empresariado daqui. Não estou falando da população. Se eu for contratar banheiro químico, por exemplo, primeiro eu vou ver em empresas daqui. Eu acho que o dinheiro tem que girar na cidade. Fico um pouco triste de ver que os empresários daqui não valorizam tanto o negócio.
JP – Esse é um Rodeio de “primeiras vezes”. Temos a Crystal patrocinando pela primeira vez e uma noite só de mulheres tocando, além da volta ao Maeda.
Eu sou suspeito porque eu participei da criação da Arena Maeda. A gente até administrou um tempo junto. O kartódromo é um espaço legal, mas é muito incrustado na cidade. Você tem uma certa dificuldade no entorno. Já o Maeda fica perto para o pessoal de Sorocaba, de Campinas… E a estrutura é mais fácil de trabalhar. A volta para o Maeda é muito bacana. Sobre a Crystal, todo relacionamento novo assusta no começo. Mas estou mais em casa do que eu era no antigo parceiro. É uma empresa que você conversa diretamente com quem manda. E você fala a mesma língua. Está sendo bem legal trabalhar com eles. Sobre as apresentações, a gente sempre faz uma enquete para saber quem o povo quer e as mulheres sempre ficaram em primeiro ou segundo lugar. Então eu pensei em colocar as duas na mesma noite. Uma expectativa muito boa com elas aqui. E a data nossa é muito boa aqui. Temos uma véspera de feriado, um feriado, uma sexta-feira e um sábado. E para um cara de Salto, que está do lado, tem feriado no dia 8. E tem a primeira vez que a Woods sai para fazer fora dos eventos deles, pois eles são muito fortes em Curitiba.
JP – Além dos shows, o Rodeio Itu também tem uma preocupação com as montarias.
Estamos pelo segundo ano com a Ekip Rozeta, que vão trazer uns touros legais. A nossa expectativa é que seja uma montaria bem legal, como foi no ano passado. Você tem que ter um equilíbrio de tudo, shows e montarias.
JP – E como é o TAC (Termo de Ajuste de Conduta) do Rodeio?
É um TAC com o Ministério Público. Todo meu lixo é reciclável, o som não pode passar de um limite de decibéis. O cuidado é com o touro, porque a estrela é ele. Ele não pode sofrer nenhum tipo de estresse. Eu tenho um perito nomeado pelo promotor, polícia ambiental, meu veterinário. Graças a Deus a gente nunca teve um problema. Problema só com o peão, que é um louco (risos).
JP – Estamos entrando na segunda década de Rodeio Itu. Caiu a ficha disso?
Sim. Estávamos conversando esses dias aqui e a gente pensou: “a censura do evento é de 0 a 10 anos não pode entrar. De 10 a 15, pode acompanhado do responsável. E maior de 15 pode entrar sozinho. Já reparou que vai começar a ter filho de gente que se conheceu na festa que está começando a vir?”. É muito bacana isso. E passa muito rápido, o ano todo é uma correria. Todo ano eu me emociono com isso. E você ver tudo funcionando é gratificante demais. É como um filho.
Estive na última edição, um desrespeito com a ordem e os horários dos shows, me sentindo extremamente lesada! Os responsáveis pela organização não se propuseram a tomar qualquer providência, nem mesmo a de ouvir o meu relato, me senti desrespeitada.