Dia das Crianças
Hoje é dia de todas as crianças, daquela criança que fomos, daquela criança que renasce em nossos filhos, daquela criança que habita nosso ser, sejamos nós crentes ou descrentes. Hoje é dia de cada criança do mundo, de cada criança abandonada nas ruas, abandonada em um cantinho de nosso ser, hoje é dia.
Que este dia possa ser pensado e repensado, para que possamos, de alguma forma, resgatar aquela criança que um dia existiu em nós, e que nos esquecemos, esquecendo, assim, de nosso compromisso com a simplicidade, com a beleza, com a inocência, com a bondade, com o encanto pela vida, pelo nascer de um novo dia, e pelo nascer de cada dia, que nasce e renasce dentro de nós, nos envolvendo com sua luz.
Feliz Dia das Crianças a você que ainda preserva a inocência, preservando assim a alegria de viver.
Dedico, este texto, com o mais puro amor, aos meus filhos Evandro, André e Renato, às minhas noras, Tati e Dani, às minhas netas Júlia, Beatriz, Rafaela e Laurinha, eternas crianças, embalando meu coração, acalmando minhas noites, dando força em cada etapa da caminhada. Deus os proteja e abençoe, meus filhos, a cada dia. Embora os diferentes caminhos da vida não nos permitam estar sempre juntos, vivem e revivem, juntos, a cada dia, e em todos os dias, em meu coração.
E dedico a todas as crianças, e a cada uma delas, onde quer que se encontrem neste momento, esperando que se encontrem um dia, e em todos os dias da existência.
Hoje é o dia das crianças!
Das crianças que fomos, e que somos
É dia!
De todas as crianças que habitam nossos dias
Correm nossas ruas, brincam em nossos rios
Preenchem nossos espaços, preenchem nossa vida
É dia!
Das crianças abandonadas, com pais, mas sem paz
Das crianças esquecidas em nossas esquinas
Das crianças sem escola, vivendo de nossa esmola
Perdidas em nossas avenidas, roubadas em nossas cidades
Desaparecidas de nossas vidas
É dia!
Das crianças alegres, divertidas, saltitantes
Que trepam nossas árvores, quebram nossas vidraças
Tocam nossas campainhas, brigam em nossos recreios
Saltitantes, estão, ao mesmo tempo, aqui e acolá
Preenchendo nossa alma com alegria e com graça
É dia!
Das crianças não nascidas, largadas, malcriadas
Das crianças errantes, sem eira nem beira
Drogadas, abusadas, mal amadas, usadas…
É dia!
Das crianças bem resolvidas, agradecidas
Bem nutridas, bem cuidadas e bem amadas
Das crianças que cresceram em seu tempo
Brincaram em seu tempo, amaram em seu tempo
Descobriram o verdadeiro sentido da gratidão…
É dia!
Das crianças perdidas em si mesmas
Obrigadas a estudar o que não querem
Porque as mães e os pais o querem
Voltados que são para uma ideia capitalista
De salário, de ganho, de conquista
É dia!
Das crianças com quintal, escola, carnaval
Das crianças com aniversário e batismo
Com direito a presentes, abraços, festas e afagos
Que nos fazem rir e chorar de alegria
É dia!
Das crianças pagãs, sem casa e sem endereço
Das crianças sem afeto, e sem saber o que é o afeto
Das crianças ausentes, descrentes
Sem ir, e sem ter para quem ir
Sem vir, e sem ter para onde vir
É dia!
Das crianças com pátria, com bandeira e hino nacional
Das crianças com desfile, comemoração
Doces, sorvetes, bandas e bandeirolas
É dia!
Das crianças afegãs, iranianas, iraquianas
Das crianças vietnamitas, palestinas, cambojanas
Das crianças africanas, brasileiras, sulistas e nortistas
Das crianças usadas como moeda de troca
Trucidadas, abusadas, maltratadas, mortas vivas
E abandonadas, sem qualquer esperança
É dia!
É dia das crianças
De todas as crianças que fomos e que somos
Das crianças deste planeta, que um dia foi azul
É dia!
E é dia de elevarmos nosso coração por elas
Por todas, todas elas…
É dia!
Sidarta da Silva Martins
Cadeira nº 20 I Patrono Luiz Gonzaga Silveira Moraes