ÉTICA NA POLÍTICA
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“Notícia de primeira página do jornal Folha de São Paulo de domingo, 17 de janeiro, causa mais espanto. ‘Deputados assinam projetos sem ler’. No texto, a informação de que o projeto de lei ‘inventado’ pelo jornal, transformando o Brasil novamente em colônia portuguesa e restabelecendo a escravidão no país, recebera o número suficiente de assinaturas em menos de 8 horas, para entrar em tramitação no Congresso Nacional”.
Publicado num jornal aqui em Itu, o texto desenhou um contexto que conhecemos.Tempo de denúncias e mais denúncias, com meios de comunicação informando sobre “Roubos de equipamentos, superfaturamentos, desperdício de materiais básicos, favorecimento ilícito de empresas e indivíduos, empreguismo (…)”.
Também descreveu reações da população que nos são familiares: “Pasmada, espantada, às vezes comentando: o que entra denuncia o anterior, diz que pretende moralizar a administração. Mas, no final de seu governo, não fará o mesmo?”.
Foi publicado hoje? Não se espante caro leitor, cara leitora. São trechos de um editorial publicado há quase 25 anos (em fevereiro de 1993!), no Urtiga, jornal da Associação Ituana de Proteção Ambiental encartado em todos jornais ituanos da época, além de especial distribuição a sócios, ambientalistas e outros formadores de opinião do país.
Mais uma coincidência? No ano anterior, o Brasil passara pelo processo de impedimento do Presidente da República. Mas, em muitos aspectos, o mundo era outro. Quem sonhava, naquela época, com as redes sociais e os avanços tecnológicos que hoje temos? Quem apostava na disseminação dos equipamentos eletrônicos, que mudaram o modo de produção em todo Planeta e facilitaram a formação dessas redes?
Um dos problemas mais discutidos atualmente nas rodas de comunicadores é a facilidade em criar notícias falsas, instantaneamente acessadas por um sem número de pessoas por meio dessas redes, que têm um alcance muito maior que os antigos boatos transmitidos de pessoa a pessoa.Têm sido usadas inclusive como armas para prejudicar opositores em campanhas eleitorais.
Nesse sentido, o encerramento do editorial de 1993 traz um recado que também parece ter sido escrito hoje.
“É hora de por em prática a ética na política. De merecer o voto executando trabalho atento, que vise à qualidade de vida dos cidadãos. E qualidade de vida, como se sabe, não será possível sem um ambiente sadio e bem cuidado por todos”.
Sim, devemos pleitear ética na política, não só cobrando de nossos representantes, como buscando escolher certo nas eleições. Mas não basta apostar ‘nos outros’, esperando que façam por nós. Ser ético é postura para cada um de nós, pessoas e grupos, não importando a idade, religião, posição social, econômica, ideologia.
A lembrar antiga lenda da ave coletando água com seu pequeno bico, para jogar num incêndio que se alastrava pela floresta. “Você não vê que seu trabalho é inútil, pois sozinho não conseguirá apagar o fogo?”, perguntou-lhe outro animal. Ao que o pequenino respondeu: ‘Estou fazendo minha parte’.
Quando cada um faz sua parte, sem esperar apenas dos outros a solução, a ética se espalha, ajudando a debelar corruptores e corruptos, inclusive na política.
Silvia Czapski
Cadeira nº 04 I Patrono Benedito Lázaro de Campos