O Touro Ferdinando
Por André Roedel
Todo começo de ano é a mesma coisa: com as férias escolares, as salas de cinema se enchem de crianças – e pais – em busca de filmes que as entretenham. Com a grande demanda, Hollywood corresponde com uma enxurrada de produções – a maioria uma grande porcaria. São poucas as obras que se salvam e unem diversão com qualidade. Como é o caso de O Touro Ferdinando.
A animação da Blue Sky, mesmo estúdio da franquia Era do Gelo, é dirigida pelo competente brasileiro Carlos Saldanha – que não comandava um filme desde Rio 2, de 2014. E ele retorna com tudo, entregando um filme dinâmico e bem redondinho – apesar de uns furos bobos de roteiro e problemas de noção espacial em cena. Mas dá pra relevar.
Baseado no livro infantil “Ferdinando, O Touro” – que já rendeu um curta da Disney –, o filme se passa na Espanha. Ferdinando é um “touro doméstico” que, após uma confusão, acaba sendo levado para a fazenda que morou quando era um bezerro. Lá ele faz amigos e convive com o temor de ser obrigado a participar de touradas, mas em momento algum deixa de pensar em maneiras de voltar para sua melhor amiga, Nina (dublada por Maísa Silva).
Toda a relação entre Ferdinando e os amigos touros é bem construída, mas o melhor mesmo é a amizade dele com a cabra Lupe (dublada por Thalita Carauta, que está ótima no filme). A personagem é uma das melhores coisas da produção, roubando a cena em muitos momentos. Una, Dos e Cuatro, o trio de ouriços-terrestres desajustados, também mandam bem na animação.
E animação que se preze tem que ter um fundo moral para a apresentar ao seu público, formado principalmente de crianças. Em O Touro Ferdinando, a lição é a da não-violência. Ferdinando tenta de todas as formas evitar resolver tudo na briga – ou mesmo em uma tourada –, mostrando que é possível encontrar uma solução com diálogo e compaixão, rendendo momentos singelos.
Tirando os problemas bobos de roteiro (sério, tem um furo que eu achei bem ridículo), a animação não apresenta grandes problemas técnicos. É claro que a qualidade dos efeitos gráficos não chegam aos pés de uma Pixar, por exemplo, mas são competentes. Outra coisa que curti foi a trilha sonora, agradável e com alguns hits legais e dançantes.
No conjunto da obra, O Touro Ferdinando é mais uma animação que se destaca em meio a tantas outras. Não é um filme memorável, mas é efetivo com a proposta inicial. Certamente vale o ingresso, ainda mais se você tiver uma criança em férias escolares em casa!
Nota:
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