Cinquenta Tons de Liberdade

Por André Roedel

Antes de mais nada, quero começar o texto informando que nesta coluna eu analiso filmes. Então, o que coloco à prova é a qualidade da obra cinematográfica enquanto produto de entretenimento/artístico, sua relevância para o contexto social atual e, claro, um pouco dos meus gostos pessoais. Dito isso, espero que os fãs da trilogia Cinquenta Tons compreendam racionalmente os motivos que me fazem detestar esses filmes – em especial este último, em cartaz nos cinemas.

Cinquenta Tons de Liberdade é o desfecho “perfeito” para a franquia baseada nos livros de E. L. James. Pífio, com diálogos bizarros e uma trama repleta de equívocos, o filme conclui o romance insosso entre Anastasia Steele (Dakota Johnson) e Christian Grey (Jamie Dornan). Essa “história de amor” forçada e sem graça alguma finalmente chegou ao fim.

Os dois protagonistas até se esforçam mais nesse último filme e a química entre os personagens melhora muito, mas mesmo assim não é capaz de dar corpo à trama. Isso por conta do paupérrimo roteiro novamente assinado por Niall Leonard e também pela direção pouco criativa de James Foley.

A franquia Cinquenta Tons não tem um pano de fundo ou um subtexto: é simplesmente a idealização dos sonhos de mulheres de classe média baixa, na faixa dos 20 aos 50 anos. E se perguntar para qualquer uma das espectadoras do longa você vai ouvir diversas justificativas sobre o porquê de gostar da trama, mas nenhuma irá admitir o real motivo. Vão falar de “história de amor” (novamente entre aspas, porque não é disso que se trata o filme) e qualquer outra coisa, mas não revelarão os desejos que impulsionam o gosto pela franquia.

Afinal, quem não queria viver uma vida com muito dinheiro, carros e casarões e ainda um parceiro sexualmente ativo e bonitão? É o sonho de 11 entre 10 pessoas. E Cinquenta Tons leva isso para a mulherada. Na tentativa de dar “sustança” para a história, a autora enfiou um ou outro conflito (como o de Anastasia com o ex-chefe na editora) para justificar alguma pequena reviravolta ou clímax. Mas tudo sem força alguma, resultando em cenas péssimas.

Esse último filme, aliás, tem uma das mais ridículas resoluções de problemas da história do cinema. Uma bobeiragem que só está lá para constar. O que interessa mesmo para o público-alvo do filme são as cenas “picantes” (olha a aspa de novo…). E essas partes são também mal executadas. Ou seja, nem no que realmente vale o filme acerta.

Para não falar mal apenas, destaco, como já disse, o esforço dos protagonistas (o elenco de apoio é um desastre), a trilha sonora novamente bem executada por Danny Elfman e alguns enquadramentos dignos (nada de muito magnífico, mas qualquer coisa mais bem-feita no filme acaba chamando a atenção em meio a tanta coisa ruim). Em resumo, Cinquenta Tons de Liberdade só vale o ingresso se você é fã.

 

Nota:

 

 

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