O Passageiro
Por André Roedel
Liam Neeson jogou a toalha de sua carreira e resolveu apostar em um tipo só de filme: a “produção Supercine”. Ou seja, aquele típico longa-metragem que mistura suspense e ação e é exibido nas noites de sábado da Rede Globo. A trilogia Busca Implacável e Sem Saída são provas disso. O Passageiro, que estreou na última semana, é mais uma obra do tipo na carreira do indicado ao Oscar.
O ator norte-irlandês não perdeu seu talento, pelo contrário. Ainda dá grande dramaticidade aos seus papéis, porém parece que vai tudo no automático. Só que O Passageiro tem uma trama bem interessante, planos excelentes e um clímax que deixa o espectador sem fôlego – apesar da afobação no terceiro ato, que deixa tudo muito confuso. No geral, entrega um ótimo entretenimento para uma noite descompromissada de cinema.
No filme, Neeson interpreta um vendedor de seguros que todos os dias viaja de trem para ir e voltar do serviço. Em um determinado dia, uma mulher misteriosa (Vera Farmiga, boa mas com pouco tempo de tela) o aborda e faz uma proposta. Caso ele não aceite, sua família correrá risco. Aí começa uma corrida alucinante para resolver o caso, com algumas boas viradas no meio e muito suspense.
O Passageiro é praticamente todo centrado em Neeson. É ele quem dita o tom do filme e emprega seu estilo marcante de atuação. Por isso é difícil falar muito sobre o restante do elenco, que tem ainda o bom Patrick Wilson. Aliás, é difícil falar sobre o filme como um todo também. Ele é competente, entretém, deixa o espectador aflito e se revirando na poltrona do cinema, mas não é marcante. É mais um daqueles filmes que terão uma arrecadação interessante, garantem uma ou duas sequências e acabarão sendo exibidos na TV – no Supercine, mais precisamente.
A direção do filme fica a cargo de Jaume Collet-Serra, que já trabalhou com Neeson em outras oportunidades. Ele faz um bom trabalho, mesmo não sendo excepcional. Garante quadros interessantíssimos e demonstra domínio de técnica. A grande dificuldade do filme está na execução do roteiro e em algumas cenas de ação absurdas, que beiram o ridículo de tão exageradas – além disso, o excesso de computação gráfica no final acaba comprometendo a verossimilhança.
Fazendo o “arroz com feijão” para entregar um suspense/ação honesto, O Passageiro demonstra alguns méritos e merece certos elogios, porém nada além disso. Vale o ingresso se você gosta da filmografia de Liam Neeson, quer ver um pouco de pancadaria no meio de um corredor de trem ou é espectador de carteirinha do Supercine…
Nota:
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