Estudantes ituanos afirmam que foram enganados pela UNIESP
Alunos estão com dívidas e não conseguiram até agora o diploma. Alguns já entraram na Justiça contra a instituição de ensino.
Mesmo após ter encerrado as atividades da unidade de Itu em janeiro do ano passado, o Grupo Educacional UNIESP (União das Instituições Educacionais do Estado de São Paulo) segue no centro de polêmicas envolvendo ex-alunos. Entre os problemas estão cobranças indevidas quanto ao Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), assim como a não emissão de diplomas.
Aluna de administração da unidade ituana, Camila Nunes revela ter sido vítima de propaganda enganosa por parte do grupo, uma vez ter sido atraída pelo programa “UNIESP paga”, onde o estudante se dirigia a uma instituição financeira (Banco do Brasil ou Caixa) e contraía em seu nome o FIES, programa do Governo que financia cursos superiores pagos. Porém, após isso, os alunos receberiam da UNIESP um documento em que a instituição dizia se comprometer a quitar a dívida. Para que isso fosse feito, existia uma série de exigências.
Porém, não foi o que ocorreu no caso de Camila. “Mesmo cumprindo todas as exigências, passei a ser cobrada pelo banco ainda no decorrer do curso. Embora estivesse fazendo o curso de administração, a faculdade fez meu financiamento pelo curso de Processos Gerenciais, que tem uma duração de dois anos a menos. Com isso, pouco mais de um ano após o término do financiamento vieram as cobranças”, relata.
Apesar de ter adquirido o diploma, a administradora aponta inúmeros problemas. “Para começar, meu registro estava como estudante de Processos Gerenciais na unidade de Santa Bárbara D’Oeste, além disso, existiram casos de adulteração de notas e perda de documentos, que comprovavam que cumpríamos com nossas obrigações”, relata.
Atualmente com uma dívida de mais de R$ 40 mil, Camila desabafa. “Fui orientada pelo meu advogado a não pagar a dívida. É a UNIESP que tem de arcar com isso. Infelizmente, estou impedida de fazer qualquer financiamento ou crediário. Estou com meu nome sujo. Namoro há cinco anos e pretendo casar, mas não posso comprar uma casa. Nem um carro posso financiar”.
Formada em Publicidade e Propaganda em Itu, Lidiane de Souza Paula, que estudou na instituição entre 2013 e 2016, além de pagar desde janeiro R$ 445 mensais, está longe de receber seu diploma. Apesar de possuir o certificado de conclusão de curso, a UNIESP nega seu diploma, alegando não possuir registro de todo o seu histórico acadêmico.
Atualmente fazendo pós-graduação, Lidiane demonstra preocupação. “O diploma é um direito meu, estudei para isso. Se tenho o certificado, é sinal de que não havia nenhum problema com minhas notas. Além disso, para concluir minha pós, uma das exigências é o diploma. Minha vida não irá para frente desse jeito”, reclama.
Apesar de ainda não ter recebido cobrança, Angélica Íris Arial, colega de curso de Lidiane, também enfrenta o mesmo problema em relação ao diploma. “Quando colocavam notas no Portal do Aluno, elas estavam erradas. Desapareceram com notas de muitas disciplinas nossas. Como vamos fazer sem o diploma?”, questiona.
Outro aluno que prefere não se identificar sofre com o mesmo problema. Após ir diversas vezes à unidade de Sorocaba (responsável pela extinta unidade ituana) para obter esclarecimentos, ele conta ter sido surpreendido. “Me deram duas opções: ou eu faria praticamente todo o curso novamente em uma unidade em que houvesse Jornalismo ou entraria na Justiça. Escolhi a segunda opção, assim como a Lidiane e a Íris”, revela.
Procurada pela reportagem, a UNIESP não retornou aos questionamentos até o fechamento desta matéria.