‘Bancada Ativista’ quer mudar o jeito de fazer política com candidatura diferente
A jornalista Monica Seixas, assessora parlamentar da vereadora paulistana Sâmia Bomfim (PSOL) e que foi candidata a prefeita de Itu em 2016, é pré-candidata a deputada estadual. Mas de uma maneira diferente da habitual: ela integra o projeto “Bancada Ativista”, que quer eleger 10 ativistas de diversas áreas em uma só candidatura.
No último dia 10, o Periscópio recebeu Monica e o ativista cultural Jesus dos Santos, que também integra a “Bancada Ativista”, para um bate-papo. “Esse é um momento que as pessoas estão muito desgostosas da política, e eu acho justo que estejam. Os parlamentos estão cada dia mais distantes do trabalhador”, declara Monica, que foi atrás de projetos de renovação política e obteve mais formação.
Porém, Monica acredita que não é só com a formação técnica que se renovará a política. Nisso, ela foi até a “Bancada Ativista”, que já existia e ajudou a eleger Sâmia como vereadora. “Essas pessoas que organizam seus movimentos têm uma dificuldade gigantesca de acessar parlamentos porque eles são muito inacessíveis. Você precisa de jurídico especializado, de comunicação, você precisa de muita grana para competir com esses caras”, prossegue Monica.
A “Bancada Ativista” conta com diversos voluntários para dar a sustentação aos candidatos, funcionando como espécie de “startup política”. Os integrantes da “Bancada” possuem maior convergência política, ou seja, ambos integram uma esquerda progressista.
Nova fórmula
Nas eleições deste ano, a “Bancada Ativista” vai apostar nessa nova fórmula com 10 candidatos no mesmo “guarda-chuva”. “A gente chegou ao consenso que é melhor sairmos todos juntos. Então nós seremos 10 co-candidatos de ativismos diferentes”, explica. Os nomes dos 10 ainda não foram definidos, muito menos quem será o “cabeça” da chapa – porém Monica tem grandes chances.
Entre as pautas que a “Bancada” irá defender caso vença as eleições estão maternidade, negritude, feminismo, cultura, meio ambiente e orientação sexual. “Vamos ter com a gente uma mulher trans”, informa Monica, que junto com Jesus são nomes confirmados na candidatura.
Jesus veio de Salvador/BA para São Paulo há 11 anos, por fazer parte da executiva da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas). Nisso, veio o interesse em militar e, nos últimos quatro anos, passou a fazer parte do Movimento Cultural das Periferias. “A política hoje está muito no individualismo, mas quando chega no parlamento uma pessoa só não consegue fazer nada”, comenta ele sobre como foi sua aproximação à “Bancada”.
O projeto de sair com 10 co-candidatos a deputado estadual é inédito, apesar de iniciativas semelhantes terem acontecido em outros locais. “Colocar todo mundo junto com um mesmo número de urna vai ser o primeiro experimento”, afirma Monica. A “Bancada Ativista” sairá pelo PSOL, que foi o partido que aceitou os termos do projeto – entre elas a independência de voto. “O PSOL recebeu muito bem e a gente está esperançoso de que o partido cresça este ano”, prossegue a jornalista, dizendo que há chance da sigla fazer três cadeiras na Assembleia Legislativa. (André Roedel)