Santa Rita
Não poucas vezes, na longa trajetória de cronista, coube perambular pelos tesouros distribuídos quanto a valores desta cidade, que muitos gostariam mais desenvolvida em face da comparação com municípios vizinhos que, ao longo da vida, não somente nos alcançam, mas até sobrepujam em evolução e crescimento.
Mesmo assim nada de que se possa queixar. Se formos pensar em perda, aí sim Itu que já deixou de ser uma quase Ouro Preto, pela incúria de sucessiva e arraigada política de picuinhas, haveria alguma razão. Também esse aspecto, contudo, dele que se não mais cuide. Já foi. Que saudade dos sobrados majestosos.
O critério de escolha de temas, para esta coluna semanal, seja essa também muito particular do autor. Cada ituano, se perguntado, teria sua própria relação.
Até pelo motivo de residirmos de longo tempo nas imediações, conquanto a muitos o sintam amiúde quase sem que disso se deem conta, a primeira ideia para esta focagem de hoje, surgiu na descida do segundo quarteirão da rua Sete de Setembro.
Venha-se da Praça Padre Miguel ou a partir da conversão à direita ou esquerda da rua Floriano Peixoto, esquina da Casa Carvalho (ops… descuido, Hobby), avista-se pequenina porém altaneira, apesar do contraste nessa adjetivação, a Igreja de Santa Rita.
Ela, já se ouviu dizer, impediu fosse prolongado o trajeto dos veículos diretamente para a saída até a Avenida Octaviano, dita Marginal. A Igreja de Santa Rita somente faz lembrar, dia e noite, hora a hora, de que a Santa é venerada por todos e quaisquer moradores. É quase um aceno, porém, esse de ser amena e eloquente a um tempo (outra contradição porém cabível), dela como a dizer às pessoas, se voz tivesse, “bom dia, boa tarde e boa noite”. Estamos afeitos a essa imagem e, num minuto a mais de atenção, se há de reconhecer o quanto de mimo, singeleza e espiritualidade insira a igrejinha três vezes secular.
Na data à Santa dedicada, ano a ano, mais uma vez a cidade, pelos devotos, acompanha aquela que provavelmente seja a procissão incorporada pelo maior número de fiéis. Sobrepujaria as demais, às quais não se atribua desprezo, significativas todas elas a serem marcadas de plena religiosidade local.
Quanto à extensão de seu percurso, dessa, dúvida não resta. O trajeto da procissão em honra da Santa, sai de sua igreja diminuta e cumpre longo trajeto, superior a dois quilômetros.
Tradicionalíssima igualmente a quermesse animada ao lado do Mercado. É quando muitos amigos e devotos se encontram e se cumprimentam.
Em torno dessa devoção gravita um polo excelente e admirável de manutenção física e financeira de toda devoção e manutenção de uma obra maior. A Igreja, a frequência dos fiéis e uma sociedade que, além de tudo, propicia o bem e a melhora dos menos favorecidos: a Casa de Santa Rita. Tudo isso em prédio próprio, já na rua Santa Cruz e praticamente ao lado do pátio, nos fundos do Mercado.
De fato, esse êxito na guarda ciosa de uma das maiores tradições ituanas, é preciso dizer, resulta da homogeneidade entre os membros da Associação Ituana Grupo Remido Festeiros de Santa Rita de Cássia. Um pugilo de cidadãos devotos e devotados na manutenção da Igreja, mantida linda e irretocável anos a fio.
Com que júbilo e pompa não virão a serem comemorados os trezentos anos de existência da Igreja de Santa Rita, de Itu, eis que inaugurada em 1728, como de forma honrosa e altaneira se confirma essa realidade, no seu frontispício, que de muito longe já se avista.
Santa Rita, oremos todos, rogai por nós.
Bernardo Campos
Cadeira nº 13 | Patrono Luís Colaneri