Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald
Por André Roedel
O universo criado pela escritora inglesa J.K. Rowling fez parte da minha infância/adolescência. O bruxinho Harry Potter e todos os seus amigos foram como amigos meus também. Por isso, é inevitável que qualquer novo livro ou filme baseado nessa trama me chama a atenção. Porém, Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald (Fantastic Beasts: The Crimes of Grindelwald, Fantasia, 2018) tem falhas que me fizeram esquecer um pouco desse encanto.
O grande problema está no roteiro do longa-metragem, que são difíceis de engolir. Coisas que prejudicam muito a experiência do espectador, por mais fã que ele seja. Essa continuação do spin-off lançado em 2016 tem ótimos pontos, um elenco bom e expande mais um pouco a história do mundo bruxo, mas os equívocos do diretor David Yates (um veterano em se tratando de Harry Potter) comprometem.
Novamente vemos o oscarizado Eddie Redmayne no papel de Newt Scamander, bruxo especialista em criaturas fantásticas – uma espécie de veterinário dos bichos diferentes –, envolvido em uma aventura que definirá os rumos de seus pares e também dos “trouxas”, como são chamados os reles mortais. Ele é enviado por um jovem Alvo Dumbledore (agora interpretado por Jude Law) em uma investigação pelo paradeiro do bruxo das trevas Gellert Grindelwald (Johnny Depp).
Se a história se resumisse a esse núcleo e os personagens – e seus conflitos – fossem bem desenvolvidos, o resultado final seria bem melhor. Entretanto, o longa possui um elenco grande demais, com personagens que são bem pouco explorados e estão ali meio “jogados”. Isso faz com que os problemas de roteiro fiquem mais evidentes ainda.
Apesar desses problemas de ordem técnica, o filme se sobressai em outros pontos, como o figurino impecável, os efeitos especiais fantásticos e algumas boas atuações, apesar de comedidas. Law e Depp fazem boas participações nesse novo Animais Fantásticos, que claramente é uma preparação para algo maior – sim, novos filmes serão lançados.
A melhor coisa do longa é mesmo uma cena final (que não vou detalhar para não dar spoiler) em que Rowling, que assina o roteiro equivocado mas com bons diálogos, deixa claro as intenções políticas de sua obra, fazendo uma grande crítica ao fascismo do passado e o ressurgimento dele atualmente.
Se não consegue atingir uma boa pontuação técnica, Animais Fantásticos ao menos entrega um bom entretenimento, volta a expandir o universo bruxo (apesar de apelar mais do que o anterior para o sentimento nostálgico do espectador) e traz um cunho político-social importante. Quem é fã vai gostar e quem não é fã vai se divertir em alguns momentos.
Nota:
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