Luto: Morre Ricardo Boechat
Por Moura Nápoli
A notícia do falecimento do jornalista Ricardo Boechat, aos 66 anos, na tarde da última segunda-feira (11), chocou o Brasil. Não apenas pelo cerceamento de um profissional no auge de sua produtiva carreira, mas principalmente pela tragédia como ocorreu. O helicóptero que o trazia de Campinas para São Paulo não chegou ao heliponto da TV Bandeirantes, caindo no Rodoanel, próximo à via Anhanguera, às 12h05.
A carreira de Boechat, de mais de quatro décadas em jornais, rádio e televisão, deixa como legado um trabalho acima de tudo honesto e com uma seriedade ímpar. Seriedade esta que era mesclada de forma genial com um humor fino e inteligentíssimo, que batia fundo.
O jornalista deixa uma extraordinária vontade de trabalhar, de produzir, de atuar no dia a dia de um país que vive momentos antagônicos que só ele sabia, com sua maneira peculiar, descrever. Descrever e criticar. Criticar e mostrar o quanto o Brasil tem ainda a aprender, a melhorar, a crescer.
Curiosamente em seu último pronunciamento na Rádio Band News FM, o jornalista mostrava-se em um misto de tristeza e indignação com as tragédias de Brumadinho/MG e do CT do Flamengo. Mal podia imaginar que horas depois ele próprio deixaria de ser noticiador para ser a própria notícia. E os brasileiros, já tão sensíveis pelas últimas trágicas notícias, não puderam deixar de derramar mais algumas lágrimas…
>>> ADEUS A BOECHAT
“Como disse Fernando Mitre, diretor nacional de jornalismo da Rede Bandeirantes, Boechat provavelmente teria pelo menos mais 15 anos de jornalismo. É difícil imaginar que um jornalista como ele, sempre ativo e com comentários contundentes nas mais diversas esferas da informação, não esteja mais aqui para continuar o trabalho que tanto amava. Em meio a essa triste fatalidade, o que fica é o legado de responsabilidade e comprometimento que Boechat sempre teve com o jornalismo.” Beatriz Pires, repórter
“Ricardo Boechat foi – e é – uma das figuras mais importantes na mídia jornalística brasileira. Bom escrevendo, ótimo falando e extraordinário na televisão, ele deixa uma lacuna difícil de ser preenchida dentro de um país que ainda está em busca da seriedade e da honestidade. O choque com a notícia de seu falecimento prematuro mostra o quão pequenos somos!” Moura Nápoli, editor de esportes
“Ficará a lembrança da prática do Jornalismo com ‘J’ maiúsculo. Um profissional que, por meio de suas palavras, conseguia traduzir o sentimento de toda uma nação. Seu legado é o de uma pessoa que em época de polarização manteve suas convicções apartidárias, possuindo o respeito não só de quem tinha a mesma maneira de pensar, mas também daqueles que possuíam ideologias opostas.” Daniel Nápoli, repórter
“Tive a oportunidade de ‘conhecer’ Boechat em um evento na capital. Aqueles segundos em que pude agradecê-lo por suas décadas de bom Jornalismo foram marcantes pra mim. Considerava-o o melhor dos melhores. Seus comentários, sempre lúcidos e afiados, farão falta em um momento que a classe jornalística está tão combalida e precisando de esperança. Vá em paz, mestre.” André Roedel, chefe de redação