Cinerama: Capitã Marvel
Por André Roedel
Mais um acerto da Marvel. Sim, você já deve estar cansado de ler isso – e a gente, da imprensa, de escrever –, mas é a pura verdade. Capitã Marvel, primeiro filme protagonizado por uma super-heroína da editora, não tem vergonha de seguir a fórmula que já deu certo em praticamente todos os filmes anteriores da Casa das Ideias e entrega uma aventura sem grandes novidades, mas muito espirituosa e com ótimos personagens.
Aliás, o cerne do filme está em ter bons personagens. Da personagem principal, Carol Danvers (interpretada por Brie Larson), ao coadjuvante agente Coulson (Clark Gregg), o longa-metragem dirigido por Anna Boden e Ryan Fleck (de Se Enlouquecer, Não se Apaixone) sabe apresentar bem as peças do tabuleiro e, mais do que isso, faz o espectador se importar com eles. E essa identificação é necessária para que uma virada que acontece no roteiro cause o efeito desejado no público – e, claro, não vou revelá-la pois seria spoiler.
A trama, apesar de narrativamente não trazer nada de novo, é bem diferente dos filmes dos heróis tradicionais da Marvel. Aqui, vemos a protagonista sendo enviada para uma missão da raça Kree e acaba se deparando com memórias de um passado que ela não recordava. E Brie Larson mostra que foi a escolha certa para viver a super-heroína, com seu jeito que consegue transitar entre o doce e badass. Danvers acaba parando na Terra, onde terá o apoio de um jovem Nick Fury (Samuel L. Jackson, sempre impecável) para recuperar as suas memórias.
Os efeitos merecem destaque em Capitã Marvel. Não chega a ser algo vistoso como o recente Aquaman, mas entrega guerras espaciais decentes. Mas o principal recurso está combinado com a maquiagem, que rejuvenesceu Jackson em quase 25 anos. Na questão técnica, só me queixo de um design de produção mais ambicioso, pois o filme se passa na década de 1990 e o visual e o vestuário poderiam ser mais bem explorados.
Mesmo com suas escorregadas por conta da pressa em narrar os acontecimentos e a necessidade de sempre aparecer um diálogo expositivo durante as cenas, o filme sabe que seu maior objetivo é entreter uma plateia ávida por ver seus heróis preferidos ganhando vida nas telonas. E isso ele cumpre perfeitamente.
Apesar de saber de seu lugar ao sol como mais um blockbuster, o longa-metragem – que tem uma das mais lindas homenagens a Stan Lee – ainda arranja espaço para passar uma mensagem: a do empoderamento feminino. Arrisco dizer que faz isso com mais maestria do que Mulher-Maravilha, um sucesso da concorrente DC. E a lição principal de Capitã Marvel é a de que as mulheres lutaram muito tempo com as mãos amarradas. Chegou a hora de desatá-las.
P.S.: Sim, como todo bom filme da Marvel, Capitã Marvel tem cenas pós-créditos. Aliás, uma no meio deles e outra depois. Fique até o fim.
Nota: 4 estrelas