Reforço na segurança das escolas volta a ser discutido após atentado em Suzano
Beatriz Pires
Preocupação. Essa é a palavra que define o sentimento de muitos pais aos deixarem seus filhos na escola, principalmente nos últimos dias, após o atentado à Escola Estadual “Professor Raul Brasil”, em Suzano. Ainda no dia do massacre, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou em nota que os procedimentos de segurança em todas as 5,3 mil escolas serão revisados e que está em estudo um projeto para reforço à segurança nas escolas mais vulneráveis.
No entanto, profissionais que trabalham nas escolas de Itu continuam preocupados. De acordo com o dirigente da Diretoria de Ensino de Itu, Claudemir Braz de Campos, os diretores de escola têm requisitado Rondas Escolares intensificadas como medida preventiva. “Os comandos da Polícia Militar estarão reunidos com diretores de escola de 22 a 29 de março para maiores orientações”, explica. Além disso, outras demandas e ações que forem desenvolvidas em nível estadual deverão ser anunciadas pelo governador João Doria (PSDB).
Já a Prefeitura de Itu afirma que “todas as equipes gestoras das escolas passaram por formação e orientação quanto a procedimentos de segurança, redobrando a atenção aos horários de entrada e saída da escola e atendimento ao público externo”. A Prefeitura informou também que esse sistema já é praticado nas escolas municipais.
Após o mandado de busca e apreensão na residência de um estudante de uma escola estadual de Itu no último sábado (16), em que foram encontradas armas brancas, algumas mudanças estão sendo feitas. “Os diretores de escola encontram-se com atenção reforçada. O único ponto que entendíamos com mais vulnerabilidade, qual seja, o atendimento da Secretaria da Escola foi realinhado e os portões encontram-se constantemente fechados, de forma que, mesmo para atendimento ao público, haja uma pré-identificação do interessado”, relata o dirigente de ensino.
Sobre outras ações preventivas como a presença de profissionais para oferecer amparo psicológico nas escolas, Claudemir explica que não existe esse tipo de atendimento dentro de cada unidade escolar especificamente, mas que “para os casos que requeiram maior atenção, em comum acordo com os responsáveis, são realizados encaminhamentos aos profissionais competentes”. Apesar disso, o dirigente afirma que projetos como rodas de conversa tratando dos temas que geram bullying são realizadas no ambiente escolar.
A Prefeitura completa ressaltando a importância das atividades. “Educamos para o autoconhecimento, a empatia, o espírito colaborativo, a resiliência, bem como adaptar-se a mudanças e situações adversas e respeito ao outro”. Além disso, “a Secretaria Municipal de Educação também promove palestras para esclarecimento do tema apresentando estratégias para trabalho na escola”.
Opinião dos pais
O atentado abriu espaço mais uma vez para a discussão sobre a segurança nas escolas. A pedagoga Luciene Lira, mãe de dois estudantes de uma escola estadual de Itu, afirma que não acha a escola segura e pontua os problemas. “Eu acho o muro muito baixo. Agora que eles estão tomando providencia de colocar a polícia fazendo ronda, mas ainda assim é uma só, não acho viável porque lota de aluno aqui na frente”, relata. A operadora de atendimento Ednéia Rosa dos Santos Galvão também reclama da falta de monitoramento. “Deveriam ter mais câmeras espalhadas, acredito que auxiliaria na segurança”, ressalta.
De acordo com Luciene, houve mudança no atendimento realizado na escola em que os filhos estudam, como informou o dirigente da Diretoria de Ensino. “Só quando acontece uma desgraça eles pensam em fazer alguma coisa, tanto que colocaram interfone na secretaria depois que aconteceu esse atentado”, afirma.
No entanto, a mãe dos estudantes não coloca a responsabilidade apenas na escola. “A educação tem que começar dentro de casa. Hoje em dia a família da criança é a internet, é a babá. Os pais estão cuidando da vida, trabalhando, uma correria, e quem cuida deles é a internet e para eles está tudo bem, estão todos quietos no quarto. Por isso o diálogo é muito importante”, enfatiza.