A Cabana

Por André Roedel

Desde que iniciei a escrever neste espaço, já vi um punhado de filmes que, se tivesse escolha, não veria. A Cabana era um desses. Quando vi que esse seria o lançamento da semana, não gostei muito. Mas fui conferir e acabei me surpreendendo positivamente. O longa-metragem tem muitos problemas, mas traz uma mensagem tão emocionante e bonita que conquista até os corações mais duros.

Baseado no best-seller de mesmo nome escrito pelo canadense William P. Young, A Cabana conta a história de Mack (Sam Worthington), um homem que perdeu sua filha após ela ser raptada durante um acampamento. A menina nunca foi encontrada, mas sinais de que ela teria sido violentada e assassinada são achados em uma cabana perdida nas montanhas.

Vivendo sob a “A Grande Tristeza”, Mack recebe algum tempo depois um misterioso bilhete supostamente escrito por Deus, convidando-o para uma visita a essa mesma cabana. Ali, Mack tem um encontro inusitado com a divindade, de quem tenta obter resposta para a inevitável pergunta: “Se Deus é tão poderoso, por que não faz nada para amenizar nosso sofrimento?”.

E quem interpreta Deus nesse filme de Stuart Hazeldine (que dirige de forma básica, sem se arriscar) é a vencedora do Oscar Octavia Spencer. Em A Cabana, a excelente atriz faz um trabalho digno – mas também sem riscos. A impressão é que todos se preocuparam mais na mensagem a ser passada – já que o longa tem viés cristão – do que na qualidade artística mesmo.

Isso faz com que A Cabana pareça um filme feito para televisão. Os planos simplórios, os efeitos especiais toscos e o elenco de apoio recheado de ilustres desconhecidos reforçam isso. Além de todos esses problemas de ordem financeira, o longa-metragem sofre com um roteiro simplório e que soa didático demais em muitas cenas. Os produtores parecem subestimar a inteligência do espectador com isso. Fora que ele é um tanto apelativo e manipula os sentimentos de quem assiste (recomendo que, se você for dos mais emotivos como eu, leve um lenço).

Mas, como já reforcei, é a mensagem o grande trunfo da obra – e ela funciona mais fácil se você for cristão. Se não for e conseguir abster-se do debate religioso, pode encontrar em A Cabana uma história tocante de amor entre pai e filha e para com sua família. Pode encontrar também alguns ensinamentos sobre gratidão, compaixão, perdão e não-violência. Se o espectador assimilar pelo menos algum desses conceitos, o filme já valeu a pena.

 

Nota:

 

 

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