A emoção do bicampeonato paralímpico

Mariana e Valdecir foram homenageados pelo prefeito Guilherme Gazzola e a SEME (Divulgação)

A bicampeã paralímpica de halterofilismo Mariana D’Andrea, 26 anos, que conquistou ouro nas Paralimpíadas em Paris, tornando-se bicampeã já que também foi ouro em Tóquio, está de volta a Itu e foi recebida na última quinta-feira (12) na Prefeitura pelo prefeito Guilherme Gazzola (PP).

O secretário de Esportes Diego Corsi, o adjunto Luis Felipe Castelli e os diretores Paulo Curió e Camila D’Avila também estiveram presentes. O técnico de Mariana, Valdecir Lopes também foi recebido pelo prefeito que felicitou a todos, destacando que “este gabinete é pé quente”, lembrando que não é a primeira vez que Mariana D’Andrea passa por lá para ser homenageada.

Gazzola mostrou-se muito feliz com a conquista que envolve todo o Brasil, mas principalmente destaca a Itu esportiva, o que é um motivo a mais para a cidade orgulhar-se do desempenho do Brasil nos Jogos Paralímpicos. 

Com exclusividade ao Periscópio, Mariana falou da emoção da conquista. Se fisicamente ela já estava mais que preparada, psicologicamente ela revelou que “eu estava também muito preparada, apesar da grande cobrança que tinha. Mas eu estava tranquila, bem leve, pois não queria nenhuma pressão, nada para mexer com meu psicológico”.

Com muita tranquilidade ela lembra que “eu sabia que tinha que fazer o que já fazia nos meus treinamentos e assim estava bem confiante”, revelou a atleta que levantou 148 kg. Para quem assistiu pela TV, Mariana mostrou-se o tempo todo muito séria, muito compenetrada e a explosão de riso e choro só veio mesmo após a confirmação do ouro. “Eu entro completamente focada, não olho para os lados, não vejo público, não vejo nada. Minha concentração é total”.

Só depois da consagração, um misto de alívio, sensação de dever cumprido e uma alegria extraordinária levaram a atleta às lágrimas. “Cheguei num foco tão grande, que eu consigo me desligar de todo mundo. Apesar do ginásio cheio, nada me afetou ou me tirou do objetivo”, declarou.

Agora, Mariana até brinca: “as pessoas me falavam ‘a gente queria arrancar um sorriso seu’, mas isso só foi acontecer mesmo após o final da prova, quando vi o público enorme, corri para tirar fotos e, aí então, fazer a festa”.

Mariana teve como treinador Valdecir Lopes, que também é de Itu e é treinador da equipe brasileira. Ele falou sobre a disputa acirrada pelo ouro. “Esse evento, nós esperávamos que fosse um pouco mais tranquilo, pois a atleta do Uzbequistão tinha uma marca no ranking 2024 não muito alta. Porém, essa atleta evoluiu muito nos dois meses finais”.

Lopes, entretanto, afirmou que “a Mariana estava muito bem preparada e a meta era ganhar mesmo o ouro e ela sabia que era a pessoa a ser batida, então estava preparada para essa pressão. Essa vontade tem de estar dentro do atleta”, garantiu.

O treinador não compete, mas também sente a pressão. Lopes disse que “a gente sente a pressão, mas isso tem de ser controlado. A gente se controla e orienta o atleta para que não seja pressionado”.

Ele revelou que “quando o atleta entra no tablado não permitimos de modo algum que ele olhe para o público. Se você ver as imagens, eu entro o tempo todo falando, ‘olha o seu foco, não olhe para os lados, foque no supino’, porque se descuidar um pouco, isso pode tirar a concentração e ser fatal”.

Valdecir fala com extremo otimismo sobre Mariana. “Ela tem um grande futuro. Na nossa avaliação, após estudos realizados, o auge é entre 28 e 38 anos. Ela ainda tem 26 e já é bicampeã. Imagina só, o que ela já conquistou e ainda tem mais de dez anos pela frente”.

Já Luis Felipe Castelli, é outro ituano que esteve presente em Paris. Não como atleta, mas integrando a comissão técnica do goalball feminino. A equipe, entretanto, embora forte, acabou não medalhando.

Entre 2010 e 2018, Felipe foi, com o futebol de cegos masculino, campeão paralímpico, tricampeão mundial, bicampeão dos Jogos Parapan-Americanos, atuando como preparador físico. Depois, passou um tempo no Chile, onde desenvolveu ótimo trabalho com a equipe paralímpica de lá e agora está de volta ao Brasil.

Com a seleção feminina de goalball, “foram seis meses de preparação. O projeto é voltado para Los Angeles 2028, mas acabamos indo para Paris pelo ranking mundial e assim ganhamos a vaga”.

Durante a competição, entretanto, se viu que os frutos começaram a aparecer antes do previsto. “Passamos da fase de grupos; classificamos para as quartas; fomos para a semifinal e fizemos um jogo duríssimo com os turcos, atuais campeões mundiais e paralímpicos; perdemos e fomos lutar pelo bronze com a China e acabamos perdendo também”.

Ficou de positivo, que até então o Brasil não era competitivo na modalidade e agora as coisas já são diferentes. “Em Los Angeles o Brasil deverá estar bem mais forte e em condições de disputar medalha”, garantiu.