A Grande Muralha

Por André Roedel

Protagonizado pelo astro Matt Damon (Perdido em Marte), A Grande Muralha tenta ser um filme mais grandioso do que realmente é. Da produção um tanto exagerada ao clima de épico que nunca será, tudo foi pensado para tornar o longa-metragem um grande blockbuster. Mas, como diz o ditado, querer não é poder. O resultado é uma obra competente, mas sem coração.

O filme mostra dois mercenários (interpretados por Damon e Pedro Pascal, da série Narcos) adentrando território chinês em busca de pólvora. Lá, eles acabam se deparando com a Grande Muralha – que, no contexto da produção, foi construída para impedir que criaturas abissais conhecidas como Tao Tei invadam o país oriental.

Os personagens centrais então acabam dando espaço para um elenco chinês, que foi claramente pensado em agradar o público daquele país (ávido por se ver representado no cinema). Nomes como Tian Jing e Andy Lau fazem parte do casting do filme, que é dirigido por Yimou Zhang. Todos são expoentes do atual mercado cinematográfico chinês, o que comprova que a Legendary (produtora do filme, recentemente comprada por um grupo da China) quis mesmo fazer uma grande bilheteria no mais populoso país do mundo.

Com diversas cenas faladas em mandarim, uma exaltação até piegas ao modo de vida chinês e todo seu sistema de regras, A Grande Muralha esquece que tem uma história para contar. Isso resulta num filme divertido, com boas cenas de ação, mas perdido em sua megalomaníaca tentativa de faturar bilhões de dólares – o que, ao que tudo indica, vai ser difícil de se conseguir.

Em meio a isso, o longa traz coisas interessantes como o caprichado figurino. Os trajes de combate coloridos do exército chinês que enfrenta os Tao Tei são magníficos. A representação da Grande Muralha como forte também é interessante – apesar dela não ser tão explorada como deveria ser. Porém, o visual das criaturas deixa a desejar. Os efeitos de computador falharam nessa parte.

As cenas de lutas, como num legítimo filme chinês, são bem coreografadas, mas um tanto engessadas. A Grande Muralha ainda conta com a participação do veterano Willem Dafoe (A Última Tentação de Cristo), que quase nada acrescenta à trama. Em suma, o filme foi tão pensado para dar certo e agradar o maior público possível que acaba tropeçando em si mesmo e resulta numa obra competente, mas não à altura do que foi projetado. Vale o ingresso apenas como uma distração.

 

Nota:

 

 

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