A Vigilante do Amanhã

A adaptação hollywoodiana do clássico japonês Ghost In The Shell chegou aos cinemas na última semana causando polêmica entre alguns fãs e uma recepção ruim do público e crítica em geral. A Vigilante do Amanhã, título nacional do longa-metragem estrelado pela estrela Scarlett Johansson, tem momentos bons, um visual fantástico e cenas de ação dignas do material original, mas peca pela falta de ritmo e impacto que o anime da década de 1990 (conhecido por aqui como O Fantasma do Futuro) causou.

O filme se passa em um mundo futurista, em que ciborgues e humanos aprimorados são comuns. Em meio a isso, um grupo antiterrorista age contra ameaças não apenas físicas, mas também digitais – uma vez que cérebros podem ser invadidos por hackers assim como computadores. Major Motoko Kusanagi – personagem de Scarlett – é uma das agentes desse grupo.

Exemplo máximo desse mundo cibernético, ela teve seu cérebro implantado em um corpo robótico após um grave incidente. Aos poucos o espectador vai entendendo os reais motivos que a levaram a chegar a esse estágio, mas o ritmo um tanto maçante da trama faz as revelações finais não terem impacto.

Uma grande polêmica que ronda A Vigilante do Amanhã tem a ver com o embranquecimento (o chamado whitewashing) da personagem principal, uma vez que muitos fãs gostariam de ver Major como uma oriental. Mesmo o filme mudando alguns elementos do mangá e do anime (quadrinho e desenho animado japonês, respectivamente), muitos não concordaram com a opção – o que contribuiu para uma primeira semana desastrosa de bilheteria.

Mas não enxergo isso como o principal problema do longa. A verdade é que o filme vem datado. Conceitos que são abordados nele já foram muito bem trabalhados em Blade Runner, Matrix e o próprio O Fantasma do Futuro, fazendo de A Vigilante do Amanhã apenas mais uma obra que trata sobre esse tema até filosófico de “Deus ex machina” – só que de forma rasa, diferente dos demais.

Em meio a esses pontos negativos, o filme se sustenta com uma ação competente e muitos takes que foram exatamente copiados do anime de 1996 – ponto para o diretor Rupert Sanders. Porém, o grande destaque mesmo é o design de produção. Todos os detalhes para a criação desse universo futurístico foram minuciosamente pensados. Pode até render um Oscar nessa categoria.

O saldo final de A Vigilante do Amanhã não é ruim, mas fica aquela sensação de que poderia ser bem melhor. Ainda assim, é um filme que vale o ingresso. Resta a quem gostou torcer por uma bilheteria expressiva no mercado asiático para que uma continuação seja confirmada.

Nota:

 

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