Ansiedade: como identificar e como tratar
Assim como a saúde física, a saúde mental é igualmente importante para uma boa qualidade de vida. A saúde mental está relacionada ao raciocínio, emoções e comportamento em diferentes situações da vida cotidiana, consistindo em um estado de equilíbrio entre a pessoa e o seu ambiente sócio-cultural. Além disso, a saúde mental é determinante também para a estabilidade física.
No entanto, o Brasil é o país que tem a maior taxa de ansiedade do mundo: 9,3% da população sofre com o problema, de acordo com estimativas divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2017 – confira mais detalhes no gráfico. As mulheres sofrem mais com a ansiedade: cerca de 7,7% são ansiosas e 5,1%, deprimidas. Já entre os homens, o número cai para 3,6% nos dois casos.
A ansiedade é um estado mental e emocional normal e útil ao ser humano, mas torna-se um problema quando os sintomas passam a ser intensos. De acordo com a psicóloga e professora Viviane Regina Oliveira Silva (CRP 06/148390), proprietária da clínica PsicoItu, o aumento da estatística deve-se a maneira como vivemos contemporaneamente. “Acredito que com o aumento da tecnologia, o excesso de redes sociais, e de estarmos conectados 24 horas, nos colocamos em uma situação ambígua em que ao mesmo tempo em que estamos nos comunicando por ambiente virtual, nos isolamos das pessoas mais próximas”, explica a psicóloga.
Com uma simples observação em ambientes sociais, é possível identificar a situação de conectividade e isolamento. “Se observarmos um restaurante, veremos a maioria das pessoas com um celular na mão, com o olhar atento a todo instante para verificar se recebeu mensagens, curtidas ou em busca de novas notícias. Esse comportamento ajuda desencadear essa ansiedade e a ausência de respostas gera angustias, transformando–se em uma patologia”, diz.
Os diversos sintomas relacionados à ansiedade são capazes de trazer incapacitações e limitações a vida social, principalmente no trabalho e nos relacionamentos. “Os sintomas podem ser físicos e/ou psíquicos. Como exemplo, uma pessoa que tenha síndrome do pânico ou mutismo seletivo que corresponde a um tipo de transtorno de ansiedade relacionado ao medo de falar em público, pode ter dificuldade na respiração, aceleração dos batimentos cardíacos, tremores, sudorese, insônia, além de desenvolver manias, entre outras reações”, ressalta. “Muitas vezes a dificuldade de entender o outro e de se colocar em seu lugar se dá por conta desse excesso de tecnologia e da velocidade de comunicação no mundo virtual”, completa.
Auxilio profissional
O quadro de ansiedade, assim como o de distúrbios como depressão e outras síndromes, na maioria das vezes, está relacionado a muitos outros fatores como genética familiar, ambiente em que se vive e fatos ocorridos ao longo da vida. Por isso a importância de buscar auxilio profissional. “É importante consultar um psicólogo para se ter o diagnóstico adequado e assim aprender a superar esses sintomas e dificuldades. Quando não se busca ajuda, esses sentimentos de angústia, medo, tristeza podem acabar evoluindo para algo pior ou outra patologia”, relata.
Um dos métodos mais utilizados é a psicoterapia. “A psicoterapia ocorre através de uma consulta ou sessão onde o psicólogo garante o sigilo de tudo o que é falado. Para o tratamento de distúrbios psicológicos e sofrimento mental podem ser utilizadas diversas estratégias e técnicas psicológicas que contribuirão para que a pessoa consiga resolver problemas que podem estar ligados a transtornos mentais, estresse, problemas emocionais e sofrimento”, explica Viviane.
“A metodologia utilizada depende da abordagem do psicólogo. Por exemplo, a psicanálise de Freud se aprofunda nas experiências do passado e busca verificar o inconsciente (sentimentos e memórias), trazendo traumas e/ou bloqueios que afetam a vida no presente. Já o psicólogo com abordagem cognitivo/comportamental utiliza técnicas para mudar pensamentos negativos ou comportamentos inadequados; o humanista leva em consideração o tempo presente, com um olhar no passado, porém busca fazer com que a pessoa desenvolva o seu potencial a partir das exclusões de seus medos, fobias, traumas, sofrimentos dentre outros ressignificando sua vida na busca de novos sentidos”.
Depressão e luto
Outros distúrbios muito presentes na vida de muitas pessoas são a depressão e o luto. A psicóloga explica que existem diversos fatores que podem desencadear esses problemas. “Problemas hormonais, déficit de serotonina, noradrenalina, dopamina e/ou ainda dificuldades apresentadas pela vida como o estresse do dia a dia, excesso de atividades a serem realizadas que acabam frustrando a pessoa”, enfatiza Viviane.
No caso do luto, os sentimentos surgem porque “não fomos preparados para a perda, então quando nos deparamos com a partida de uma pessoa querida entramos em sofrimento. A vida perde o sentido e é ai que entra a psicoterapia, que vai auxiliar na superação das etapas do luto e a compreender esse processo, utilizando técnicas para que a pessoa desenvolva novos sentidos para a sua vida, sem deixar de amar ou pensar na pessoa que partiu”. Normalmente os sintomas são:
- Tristeza
- Culpa
- Sensação de inutilidade
- Falta de prazer
- Ausência de ânimo
(Beatriz Pires)