Após acidentes, ituanos reclamam de alterações no trânsito em três pontos
Na última semana, em um intervalo de cinco dias, dois acidentes foram registrados no cruzamento das ruas Floriano Peixoto e Garcia Moreno, no Centro de Itu. O primeiro ocorreu no dia 11 de março, enquanto o segundo, no dia 16. Em ambos, os carros envolvidos nas colisões se chocaram contra a fachada de uma lanchonete, danificando a mesma. As ocorrências foram atendidas pela Polícia Militar.
Nesta semana, a reportagem do Periscópio esteve no local dos acidentes e conversou com a proprietária da lanchonete, que comentou. “Estamos preocupados que novos acidentes possam acontecer. Depois que colocaram o semáforo, achei que ia melhorar, mas piorou. Outro dia, uma senhora quase foi atropelada. Acredito que, para melhorar o trânsito e evitar uma morte por aqui, além do semáforo deveria haver uma lombofaixa”, afirma ela, que não quis se identificar.
João Carlos Bochini, pai de um estudante do Colégio Anglo Itu, situado nas proximidades do cruzamento, também acredita que o ideal seria a implantação de uma lombofaixa. “Estava bom antes do semáforo. O pessoal não está acostumado e agora acontece um acidente atrás do outro”, disse. “O semáforo, muitas vezes, fica no amarelo piscante e acaba confundindo. Acho que deveria ser como era antes, com o motorista olhando se vem carro. Trava menos”, opina Fernanda de Oliveira Duarte Assunção.
Nas redes sociais, internautas se manifestaram. “De novo acidente nesse cruzamento? Olha, as pessoas têm culpa sim, mas colocaram o semáforo e não colocaram uma faixa, um aviso de que mudou e ali tem farol agora. A Guarda Municipal também poderia ficar orientando o trânsito após a mudança”, disse uma internauta. “Imprudência e falta de atenção”, comentou outra.
Outros pontos
Outro ponto que recentemente sofreu alterações de trânsito foi a Avenida Francisco Ernesto Fávero, no Rancho Grande, que também foi alvo de reclamações. Sobre essas mudanças, os moradores das imediações reclamam da alteração de tráfego realizada no cruzamento da Avenida Ernesto Fávero com a Rua Antônio de Toledo Piza e do trecho entre a Avenida Prudente de Morais até a altura da Rua Gildo Guarnieri, com a faixa que margeia o canteiro central passando a funcionar como uma rotatória.
De acordo com um residente do bairro, que não quis se identificar, a sinalização está confusa e vai gerar acidentes. “Não tinha motivo para mudar”. Reclamações também foram registradas no bairro Residencial São Camilo. De acordo com moradores do bairro, que preferiram o anonimato, as sinalizações na Avenida Edison Benedito Andreazza são muito estreitas e prejudicam o tráfego, principalmente com a rotatória, sendo que a via é larga “O fluxo poderia ser bem melhor se repensasse a sinalização”, complementou um residente do bairro.
Explicações
Diante das reclamações, a reportagem do JP questionou a Prefeitura de Itu, que por meio de nota informa que em relação ao semáforo da esquina do Correio [cruzamento das ruas Floriano Peixoto e Garcia Moreno], informa que é o último instrumento tecnicamente recomendado para se aplicar em um cruzamento, depois que todos os outros recursos disponíveis de regramento de tráfego já foram empregados. “O local apresentava há anos uma incidência regular de acidentes, então o semáforo foi implantado para diminuir essa frequência”, afirma.
Sobre o acidente mais recente, a Prefeitura destaca que as imagens veiculadas publicamente nas redes sociais “evidenciam que houve imprudência por parte do motorista que conduzia o seu veículo pela Rua Floriano Peixoto e passou pelo sinal vermelho”. Também diz que, no momento do acidente, o semáforo estava operando normalmente.
“O trecho possui ainda toda a sinalização vertical e horizontal prevista por lei. Ainda sobre este semáforo, o equipamento é sincronizado com o cruzamento da Rua Domingos Fernandes com a Floriano Peixoto (uma esquina antes do local do acidente) e com a Rua Santa Rita com Garcia Moreno (um quarteirão abaixo)”, acrescenta a administração municipal.
Já sobre a sobre a mudança em trecho da avenida do Rancho Grande, a Prefeitura explica que o Departamento de Trânsito implantou uma “elipse de baixa velocidade” devido ao movimento então existente no trajeto Pinheirinho/Centro, que vinha causando constantes congestionamentos.
“Com a elipse, a velocidade é reduzida, porém há uma funcionalidade de rotatória dinâmica, que não para e facilita a entrada para as vias adjacentes. Com o estreitamento da via, houve ainda um reforço na redução da velocidade, que garante a fluência em velocidade controlada e protege, acima de tudo, os pedestres, que também se beneficiam com as travessias asseguradas nas faixas elevadas nos pontos iniciais das elipses”, complementa.
Já em relação à alteração na Avenida Edson Andreazza, a Prefeitura diz que esta foi realizada após “inúmeros pedidos” da própria população, por se tratar de uma via extensa, bem pavimentada, na qual foram relatados abusos de veículos em alta velocidade.
“Apesar da sinalização de solo e vertical apropriada, o Departamento de Trânsito flagrou o excesso de velocidade nesta avenida e optou por implantar um projeto com várias rotatórias, que reduzem os excessos dos condutores de veículos automotores e ainda ordenam o trânsito, evitando conversões na contramão, que também eram frequentes”, diz a administração em nota.
Ainda de acordo com a Prefeitura à reportagem do Periscópio, a próxima etapa do projeto na mesma avenida é implantar os tachões nas rotatórias e canalizações de fluxo.
Compreensão
Ainda na nota, a Prefeitura afirma que toda alteração gera a rejeição no início, mas depois as pessoas passam a entender que foi feito o melhor para o trânsito, visando, além de garantir a fluidez, promover a segurança e a queda do número de acidentes e óbitos.
“Desde o início de nosso trabalho, os indicativos do Infosiga [Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo] demonstram uma decrescente e comprovam que estamos atingindo este objetivo em perímetro urbano”, destaca ao JP Hélio Tomba, diretor de Mobilidade da Secretaria Municipal de Segurança Pública, Trânsito e Mobilidade Urbana.
Comandante do 50° Batalhão de Polícia Militar do Interior, o Tenente Coronel PM Emerson Drague também se manifestou. “Estudos indicam que a maioria dos acidentes de trânsito são causados pelo condutor do veículo e não da sinalização da via pública. Entre as causas, uso do celular enquanto dirige, alcoolizado, não obedecer a sinalização e velocidade excessiva pela via”.