Após pouco mais de três anos, o restauro do “Cruzeiro Franciscano” será finalizado

Prefeitura está providenciando retirada de poste em frente ao monumento (André Roedel)

As obras de restauro do Cruzeiro Franciscano, enfim, deverão ser entregues. Iniciadas em 2021 e com previsão de 18 meses, as intervenções sofreram atrasos, mas a previsão é que, nas próximas semanas, os tapumes sejam retirados do entorno do monumento. “Dentro de 15 dias, os tapumes deverão ser removidos e será feito o paisagismo em volta do monumento”, diz a Prefeitura em nota.

A administração esclareceu que durante o restauro foi verificada a necessidade de reforço na estrutura, para garantir maior durabilidade da recuperação do monumento e a estabilidade do mesmo. Também disse que a obra de restauro já concluiu o reforço estrutural e está em fase de impermeabilização da rocha usada no Cruzeiro.

Outro fato recente referente às obras foi a implantação de um poste em frente ao monumento, o que acaba poluindo o visual do mesmo. O fato gerou descontentamento de alguns moradores, que reclamaram ao JP. A Prefeitura, porém, informou que providenciará a retirada do poste, visando preservar a vista do monumento.

As obras de restauro do Cruzeiro Franciscano, localizado na Praça Dom Pedro I, no Centro Histórico da cidade, foram iniciadas em 11 de janeiro de 2021. Único elemento que restou do conjunto arquitetônico franciscano do final do século XVIII, o Cruzeiro foi construído por Joaquim Pinto de Oliveira, o Mestre Tebas.

A realização do restauro foi feita por meio de verba de cerca de R$ 800 mil conquistada junto ao FID (Fundo Estadual de Defesa dos Interesses Difusos) e realizada por equipes especializadas nas diversas fases de sua recuperação.

Por meio de estudos realizados desde 2018, detectou-se que o Cruzeiro foi erguido em arenito e varvito, fazendo dele um objeto único no mundo devido ao material empregado em sua construção. Destaque especial para o varvito, rocha sedimentar, muito utilizada na fundação de casas e calçadas ituanas devido sua abundância, proximidade e facilidade de extração.

Fases

No primeiro momento do restauro foram realizadas pesquisas arqueológicas e, após uma pausa, as obras foram retomadas em junho de 2021 com a segunda fase, em que foi realizada a higienização e tratamento das rochas de arenito e varvito do monumento. Em outubro do mesmo ano, as obras entraram em uma nova fase, com a identificação dos materiais a serem utilizados para o andamento das intervenções.

Em laboratório, as equipes de restauro tiveram o suporte científico necessário, sendo estudados e testados produtos posteriormente  empregados na limpeza e os materiais utilizados para preenchimentos de fendas, buracos, rachaduras e perdas em geral que, no conjunto, afetam a aparência e estabilidade física do monumento.

Em maio de 2022, foram iniciados os trabalhos para a etapa final do restauro do Cruzeiro. O processo teve vários percalços no caminho, como os desafios técnicos, as restrições impostas pela pandemia de Covid-19 e até o desligamento de membros da Comissão Científica de Acompanhamento do Restauro – fato este que não foi muito bem explicado.

Com seus 230 anos permanecendo exposto ao relento, este Cruzeiro, que é o mais alto do país, foi construído com pedras bastante frágeis – arenito e varvito – além de serem pouco conhecidas como matérias de construção. Vale lembrar que não há nenhum registro específico de sua construção, ignorando assim como foi feito e erguido pelo mestre Tebas e seus ajudantes.

Diante disso, a Prefeitura angariou apoio técnico de várias especialidades da ciência para auxiliar no processo. Durante todo trabalho, os técnicos encontraram várias informações que até então estavam ocultas nas pedras, as quais exigiram constantes adequações para serem solucionadas.

Um longo trabalho de tratamento da superfície da pedra vem sendo realizado, o que envolveu correções de trabalhos feitos há anos, com técnicas que se tornaram hoje obsoletas, e a aplicação de materiais e técnicas contemporâneas. Agora, segundo a Prefeitura, o Cruzeiro receberá permanentemente o trabalho de conservação.