Artigo: Missão DART
Prof. Paulo Sergio Bretones*
A missão Double Asteroid Redirection Test (DART) da NASA foi lançada com o intuito de colidir com um asteroide chamado Dimorphos, com 160 metros de largura.
O lançamento foi no topo de um foguete SpaceX Falcon 9 em 23 de novembro de 2021. O impacto ocorreu na segunda-feira, dia 26 de setembro de 2022, às 20h14 (horário de Brasília), foi a primeira vez que os humanos mudaram o curso de um objeto celeste. O DART foi um projeto conjunto entre a NASA e o Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins (APL). Parceiros internacionais, como as agências da Europa, Itália e Japão, também contribuíram para projetos relacionados ou subsequentes. A colisão foi registrada por uma câmera a bordo da nave, por um satélite italiano, por observatórios em Terra e, também pelo Telescópio Espacial James Webb.
A missão histórica DART, da NASA, foi um primeiro teste de defesa planetária, para verificarmos, desta forma, desviar um asteroide que estivesse em perigo e em direção à Terra. O objetivo era de empurrar a rocha espacial para mais longe e não destruir a rocha espacial, como se fosse um jogo de bilhar cósmico. Conseguimos ver a superfície do asteroide com suas rochas e texturas em detalhes.
A superfície do Dimorphos, coberta de pedregulhos, é semelhante às de dois outros asteroides encontrados por naves espaciais nos últimos anos como: Bennu e Ryugu. Alguns cientistas acreditam que sejam rochas frouxamente ligadas como uma “pilha de escombros”. A colisão ocorreu a mais de 11 milhões de quilômetros de distância da Terra e a uma velocidade de mais de 22.000 km/h, com uma margem de erro de apenas 17 metros em relação ao centro calculado como alvo. Foi realmente um sucesso. Mesmo assim, teremos que aguardar semanas ou meses para confirmarmos se de fato teve os resultados esperados na alteração da órbita do asteroide. A cratera deixada por DART deve ter entre 10 e 20 metros de largura e os destroços da nave podem estar lá.
O asteroide 65803 Didymos tem um asteroide natural em órbita com um período de 11,9 horas, que significa gêmeo. O objetivo da missão é Dimorphos, no sistema 65803 Didymos, um sistema binário de asteroides no qual um asteroide é orbitado por outro menor. O asteroide primário (Didymos A) tem cerca de 780m de diâmetro e seu pequeno satélite Dimorphos (Didymos B) tem cerca de 160m de diâmetro em uma órbita a cerca de 1 km do primário. A massa do sistema Didymos é estimada em 528 bilhões de kg, com Dimorphos em 4,8 bilhões de kg. O DART terá como alvo o asteroide menor, Dimorphos. Didymos não é um asteroide geocruzador, e não há possibilidade de que o experimento de deflexão possa criar um risco de impacto.
O asteroide principal foi descoberto em 1996 por Joe Montani, e o satélite Dimorphos, descoberto em 2003 por Petr Pravec e outros. Cientistas estimam que existem 25.000 grandes asteroides no Sistema Solar, entretanto, até hoje as pesquisas e observações detectaram 8.000, portanto, os funcionários da NASA consideram imperativo desenvolver um plano efetivo para o caso de um dos objetos próximos da Terra ameaçar o planeta. Como isto pode ocorrer, demonstra a necessidade de acompanhar asteroides e cometas que passam nas proximidades da Terra, a possibilidade de colisão e seu potencial destrutivo usando a chamada escala de Turim. Explicando melhor a escala de Turim, inicialmente, a probabilidade de colisão é 0, ou tão baixa que é considerada desprezível. Depois, a chance de colisão extremamente improvável. A seguir, cálculos sugerem 1% de probabilidade de colisão capaz de destruição e um encontro que representa um perigo sério de catástrofe global. Finalmente a colisão é inevitável, capaz de causar uma catástrofe global que arriscará o futuro da civilização tal como a conhecemos, quer a colisão ocorra no continente ou no mar. Um evento desta magnitude ocorre uma vez a cada 100.000 anos. Importante lembrar que ocorreram extinções em massa ao longo da história da vida na Terra. Como exemplo, ocorreu a extinção dos dinossauros que teria sido causada pelo impacto de um asteroide há 65 milhões de anos.
Além disso, vale a pena assistirmos ao filme: “Não Olhe para Cima” (2021), quando dois astrônomos (Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence) que fazem uma descoberta surpreendente de um cometa orbitando dentro do Sistema Solar que está em rota de colisão direta com a Terra.
*É palestrante e autor, formado em Química com mestrado e doutorado com temas relacionados à Educação em Astronomia pela UNICAMP. Atualmente é Professor Associado da Universidade Federal de São Carlos.