Artigo: O conforto
Por Marcelo Augusto Paiva Pereira*
É comum a maioria das pessoas atribuírem ao conforto o bem-estar propiciado pelo conjunto mobiliário do ambiente, como são os móveis, as luminárias e peças decorativas. Na área da arquitetura e urbanismo o conforto é muito mais abrangente, extrapola o espaço da decoração de ambientes e atinge toda a obra, desde o projeto até a execução “in loco”.
O conforto resulta da composição entre a ergonomia, acústica, temperatura, iluminação e ventilação, componentes que são essenciais a qualquer projeto. A mensuração do conforto depende do espaço desenhado, da escala, ser para uso privado (fechado) ou público (aberto) e, após implantado e concluído, depende das sensações de quem ocupar esse espaço.
A ergonomia tem a finalidade de dimensionar os equipamentos de uso privado ou público para o melhor aproveitamento dos espaços, do mobiliário e equipamentos inerentes, com vistas ao conforto mínimo aos usuários.
A acústica examina os ambientes em razão da absorção, propagação, ressonância e reverberação das fontes internas e externas dos sons e ruídos e mensura os limites máximos em cada, com vistas ao conforto dos usuários.
A temperatura, iluminação e ventilação examinam os ambientes em razão das aberturas (janelas e portas) e vedações (paredes, forros e telhados), as quais dão causa às correntes de ar, à incidência de luz natural e ao calor, com vistas ao conforto dos usuários.
Junto ao espaço e ao estilo (corrente artística), o conforto forma o tripé da arquitetura e urbanismo, elementares com as quais as obras são pensadas, desenhadas, dimensionadas, projetadas e implantadas. Na arquitetura elas são mais evidentes porque os projetos são desenhados na escala humana, enquanto no urbanismo são menos evidentes porque os projetos são desenhados na escala urbana(muito maior do que a humana).
O espaço é a área de ocupação do indivíduo para a realização das atividades diárias, acrescidas do mobiliário e equipamentos necessários. Deve ser projetado para cada finalidade e funcionalidade.
O estilo é a escolha arquitetônica dada ao projeto e depende da corrente artística acolhida (modernismo, por exemplo). É o arremate final do projeto ao se apresentar na forma das elevações (fachadas), inclusive nas maquetes (eletrônicas (3D) ou materiais).
Ao lado dessas elementares (e dos componentes do conforto), também há outras disciplinas e ramos científicos, informações e fontes de pesquisa que servirão para formar a bagagem de conhecimento oportuna e conveniente para o arquiteto e urbanista elaborar o desenho, definir cada projeto e implantá-lo “in loco”.
Em suma, o conforto resulta do exame e composição de componentes objetivas, mensuráveis e, junto ao espaço e estilo, constituem o tripé da arquitetura e urbanismo, na medida da escala com que cada projeto é desenhado. Mas, destas elementares, é a única subjetiva porque depende das sensações que cada pessoa tem do ambiente que ocupa. Nada a mais.
* É arquiteto e urbanista.