Artigo: O Eclipse da Lua na noite de 15 para 16 de maio de 2022
Prof. Paulo Sergio Bretones*
Na noite de 15 para 16 de maio, observadores de várias partes do mundo terão a oportunidade de observar um eclipse total da Lua. O eclipse será visível nas Américas, Europa e África.
Às 23h27min, a Lua cheia começará a “mergulhar” na sombra da Terra. Assim, uma linha divisória surge como um entalhe no bordo lunar e penetrando cada vez mais até que às 00h29min a Lua estará toda coberta pela sombra de nosso planeta. Isso vai até às 01h53min quando começará a sair da sombra até que às 02h55min sairá por completo e estará novamente toda iluminada pelo Sol. Desta forma, o meio do eclipse ocorrerá às 01h11min.
Neste ano teremos ao todo 4 eclipses, sendo 2 do Sol e 2 da Lua. Dos eclipses lunares, este de maio será total, visível em todo o Brasil e o próximo, de 08 de novembro,será visível quando a Lua estiver se pondo de madrugada. Dos eclipses do Sol, apenas o de 30 de abril foi visível parcialmente no Brasil no final da tarde, no Rio Grande do Sul.
Denomina-se eclipse ao obscurecimento parcial ou total de um corpo celeste pela interposição de outro. A palavra eclipse vem do grego ekleipsis, que significa abandono, desmaio, desaparecimento. É uma das raras chances de observar-se um espetáculo tão belo da natureza. Embora os eclipses solares ocorram em maior número, vemos com mais frequência os lunares, por serem observados em áreas consideravelmente superiores à metade da Terra.
Os eclipses lunares ocorrem quando a Lua penetra no cone de sombra da Terra, o que só pode acontecer na fase de Lua cheia pelo seguinte: A Terra gira ao redor do Sol num plano. Por exemplo, supondo que o Sol esteja no centro da face superior de uma mesa, a Terra se move em torno do Sol no nível desta superfície. Ao mesmo tempo, a Lua gira em torno da Terra, mas o plano de órbita lunar é inclinado um pouco mais de 5º em relação à face da mesa. Embora a Terra projete sempre a sua sombra não a percebemos porque geralmente a Lua passa acima ou abaixo da sombra. Assim, quando a Lua cruza o plano da órbita da Terra, ou seja, passa por um nodo, e, além disso, o Sol, a Lua e a Terra ficam alinhados, ocorre um eclipse lunar. A sombra da Terra projetada no espaço se estende em forma cônica por cerca de 1,38 milhão de quilômetros. À distância de aproximadamente 384 mil quilômetros, onde está a Lua, o diâmetro da sombra tem cerca de 9 mil quilômetros. Além de uma parte escura, chamada umbra ou apenas sombra, a sombra da Terra tem uma parte cinzenta denominada penumbra. Mas é a sombra que dá o efeito de beleza ao fenômeno, pois a penumbra na maioria das vezes é imperceptível.
Quando a Lua estiver mesmo parcialmente imersa na sombra poderá ter uma cor avermelhada. Isto acontece porque os componentes da luz branca do Sol atingem a Terra e também passam pela atmosfera produzindo as cores vermelha e laranja que se espalham pelo ar cobrindo o céu com as cores do alvorecer e do crepúsculo.A refração transforma essas cores em sombra e por isso a Lua fica avermelhada
Os eclipses lunares já foram mais importantes para a pesquisa em Astronomia. Deram a primeira prova de que a Terra é redonda, utilizados no estudo da alta atmosfera e da rotação do nosso planeta, no tamanho e distância do nosso satélite, além de variações em seu movimento. Também contribuíram com a História na determinação de datas de eventos ocorridos na antiguidade. Tais fenômenos são previstos e calculados pelos astrônomos há muito tempo. Além disso, foram usados para a determinação de longitude por serem observados em diferentes locais e no mesmo instante, mas em horários locais diferentes para cada lugar.
Pode-se fotografar o eclipse com câmera digital, DSLR, fixada num tripé, em modo de foco infinito e sensibilidade de ISO 100. Para as câmeras com opções manuais, pode-se usar exposições de 1/350 e aberturas como F/5.6 ou F/8, disparando-se em intervalos de três, cinco minutos ou mais. Também seria importante fazer um ensaio na véspera para procurar o melhor local e condições e fotos lindíssimas que podem ser obtidas na ocasião.
Sempre considerei muito importante divulgar estes fenômenos para professores, estudantes e o público em geral com palestras, cursos, artigos e entrevistas. Os eclipses chamam a atenção e nos fazem pensar sobre como são previstos e incentivam estudos sobre Astronomia, ciências e outras matérias.
A experiência da observação do fenômeno sem dúvida será um espetáculo inesquecível para o qual sugiro chamar as crianças para verem, pois os eclipses estão entre os fenômenos celestes que fazem parte das experiências inesquecíveis da vida.
É um lindo espetáculo cujo único esforço necessário, se o céu não estiver nublado, é o de levantar a cabeça e deixar-se maravilhar pela sua beleza.
*É palestrante e autor, formado em Química com mestrado e doutorado com temas relacionados à Educação em Astronomia pela UNICAMP. Atualmente é Professor Associado da Universidade Federal de São Carlos.