Ato pela democracia tem roda de debate e produção artística na Praça do Carmo
Quinta-feira (31/05), feriado de Corpus Christi. A Praça do Carmo foi o local escolhido por artistas locais e ativistas para o ato cultural “Democracia e Arte por toda parte”, evento que contou com rodas de debates sobre feminismo e intervenção e militar, produção cultural, leitura de poesias, troca de mudas e até benzimento.
O evento surgiu muito rapidamente, como uma espécie de resposta ao movimento que pede intervenção militar no Brasil e realizou uma série de manifestações com grande apelo popular na última semana em Itu, principalmente. O ato cultural, porém, contou com um público não tão grande, mas suficiente para dar uma nova cara à praça.
Monica Seixas, ativista e pré-candidata a deputada estadual pelo PSOL, foi uma das cabeças à frente do ato. Ela explica que a praça foi escolhida porque é onde a população vive, troca informações e conversa. “É justo que a política também passe pela praça. E a gente escolheu fazer política com afeto, porque a gente acha que é isso que está faltando. As pessoas estão desesperançosas”, afirma.
A produtora cultural Élida Marques, do projeto “Ler é Uma Viagem”, também participou da concretização do ato. Para ela, as pessoas estão muito raivosas para discutir política e acabam desacreditando na classe toda por causa dos políticos. “Só que política está na nossa vida. Tudo é política. Levar meu filho para a escola é política. E a gente esquece”, afirma. Élida recomenda às pessoas uma “política com afeto”. “O evento de hoje foi para ter calma, mostrar arte e falar para as pessoas que dá para conversar”.
A escolha do feriado de Corpus Christi para a realização do ato envolveu diversos fatores, como a crise no abastecimento que impediu muitos de viajarem, e também o simbolismo religioso por assim dizer. “Esse espírito que o Cristianismo traz da comunhão eu acho que é isso que a gente quer também”, comenta Élida, reforçando o respeito de todos os envolvidos durante a procissão que passou durante o ato.
Resposta
Élida explica como foi a resposta do ato aos intervencionistas. “A gente não queria levantar a pauta deles. A gente queria levantar a nossa pauta de conversar sobre a História do Brasil. Nós temos aqui a Andrea Trus, que é professora de História. A gente se propôs a fazer aulas públicas. E a praça como espaço público é altamente política, porque a diversidade que há na política está na rua”.
A artista também prega o respeito e fala em ouvir a opinião dos outros, e vice-versa. “E de repente partir para uma conversa baseada em História do Brasil, em números, em coisas que a gente sabe para elevar o nível da conversa e não ficar numa narrativa talvez da mídia, ou que as pessoas se informam por um único canal. E a gente tem que estudar”, declara.
Já Monica diz entender a revolta, mas pondera. “A situação do País como um todo e a situação política é caótica. Só que a gente acredita que há outras soluções. O problema passa pelo afastamento das pessoas da política. A política não é nossa, ela não está nas nossas mãos. E a solução passa por devolver a política para as pessoas”, considera. “Ao invés das manifestações que pedem menos liberdade, a gente pede mais convívio”.