Ben-Hur
Por André Roedel
Devo confessar que nunca vi Ben-Hur, o filme clássico de 1959 e vencedor de 11 Oscars. Também não conhecia a história desse personagem fictício criado por Lew Wallace, protagonista do livro “Ben-Hur: Uma História de Cristo”, de 1880. Ou seja, fui ao cinema conferir o remake de Ben-Hur sem saber nada sobre. E isso parece ter sido bom, pois acabei gostando do filme que estreou no último dia 18 nos cinemas. Talvez se conhecesse o premiado antecessor, não tivesse gostado.
Dirigida por Timur Bekmambetov (de Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros), essa nova versão carrega toda a pompa necessária para um filme épico: cenários vistosos, figurinos impecáveis, ambientação correta e atuações no tom certo. Jack Huston (de Trapaça) interpreta Judah Ben-Hur, um príncipe de Jerusalém que acaba escravizado e, após cinco anos, parte em busca de vingança.
Huston está bem no papel do protagonista, porém lhe falta o carisma necessário para cativar a plateia. E, em alguns momentos, também falta a ele a presença em cena que Toby Kebbell (de Quarteto Fantástico), interprete do irmão adotivo de Ben-Hur, Messala Severus, tem de sobra. Mas nada que comprometa o andamento do filme que, como escrevi anteriormente, é um épico.
Apesar do começo um tanto arrastado e com cara de novela bíblica da Record, Ben-Hur engrena da metade em diante e passa a alternar entre momentos de ação e de diálogos interessantes. E quem ajuda a contribuir com os bons diálogos é o sempre excepcional Morgan Freeman, que dispensa apresentações. O astro interpreta Ilderim, um sheik núbio que treina Ben-Hur para uma corrida de bigas (aquelas charretes antigas puxadas por cavalos) que irá decidir o destino do protagonista.
Ben-Hur pode ser descrito como uma mistura de Gladiador com A Paixão de Cristo. Foi praticamente impossível não me lembrar do já clássico filme de Ridley Scott enquanto assistia ao filme. Já o filme bíblico é referenciado com a presença do próprio Jesus (interpretado no filme por Rodrigo Santoro), que na história é contemporâneo de Ben-Hur. O brasileiro tem uma participação pequena, mas importante para o andamento da trama.
O Jesus de Santoro também é importante para a mensagem final do filme, que eu particularmente gostei muito. Ben-Hur trata de uma nada sadia disputa entre irmãos, o que é condenado pelo Messias. E também faz um interessante paralelo com a nossa sociedade atual, cada dia mais sedenta por sangue. Em tempos de crises, conflitos étnicos e atentados terroristas latentes, talvez o filme nos ajude a recordar o valor da fraternidade.