Blade Runner 2049
Por André Roedel
O Blade Runner original chamou a atenção do mundo do cinema quando estreou em 1982. Na época, não foi muito bem aceito pela crítica e só foi atingir o status de cult anos depois. Atualmente, é difícil encontrar quem critique a obra dirigida por Ridley Scott. Por isso, quando a continuação do longa-metragem foi anunciada, muita gente ficou com o pé atrás.
Ainda mais sabendo que Scott não seria o diretor, mas sim promissor Denis Villeneuve. Responsável pelo ótimo A Chegada, o canadense é o grande nome do cinema de ficção científica atualmente. E ele abraçou essa alcunha, fazendo de Blade Runner 2049 um filmaço. E em todos os sentidos.
Se passando, obviamente, em 2049, o filme é sequência direta do original – baseado, por sua vez, no livro “Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?”, de Philip K. Dick. Com 2h43 de duração, a produção é arrastada e, em muitos momentos, introspectiva, mas no ritmo que deveria ser. Simplesmente não há o que cortar no trabalho final.
Em Blade Runner 2049, vemos o caçador de androides K (Ryan Gosling, em sua melhor forma) descobrindo que a replicante Rachel (Sean Young, ainda no primeiro filme) teve um filho, que foi mantido em segredo. Também um replicante, K precisa descobrir onde foi parar a criança para impedir que essa descoberta desencadeie uma guerra entre os humanos e suas contrapartes meio-máquina. Apesar da trama detetivesca e noir, o filme assume um tom que beira o drama trazendo questionamentos até mesmo filosóficos.
Toda a importância das nossas lembranças é reverenciada no longa-metragem, que dá até mesmo uma nova roupagem para o filme de 1982 – revitalizando discussões e incluindo novos conceitos que naquela época praticamente não existiam. Mas mesmo assim a essência é mantida e temos uma sequência à altura do original.
No quesito atuações, o filme é um grande show. Gosling entrega uma interpretação do mesmo nível ou até melhor do que aquela de Drive. Harrison Ford, que volta como o caçador Rick Deckard já aposentado, também vai muito bem, mesmo aparecendo apenas com praticamente 1h30 de exibição. Todo o restante do elenco entrega seu melhor, com exceção de Jared Leto, que faz uma espécie de vilão e é totalmente dispensável.
Com efeitos práticos e computadorizados, Blade Runner 2049 é, ainda, um show visual. Sua fotografia (assinada por Roger Deakins) impressiona também, até mesmo quando replica enquadramentos do primeiro filme. É um espetáculo para os olhos. E também para os ouvidos, já que a trilha sonora de Benjamin Wallfisch e Hans Zimmer é um triunfo. Quem é fã do Blade Runner original pode ter certeza que esse não é a continuação esperada, pois ela supera qualquer expectativa. É uma grande experiência cinematográfica que vale o ingresso até duas vezes.
Nota:
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