Cadáver

Por André Roedel

Tem filmes que a gente vai assistir com uma grande expectativa, mas acaba se decepcionando. Outros, a gente vai sem expectativa nenhuma e acaba se surpreendendo positivamente. Como é o caso de Cadáver (The Possession of Hannah Grace, 2018, Terror), filme dirigido pelo desconhecido Diederik Van Rooijen que está em cartaz nos cinemas brasileiros.

O filme – mais um de terror, comprovando que o gênero está com tudo e levando bons públicos para as salas de projeção – é daqueles de baixo orçamento, sem grande marketing e com elenco sem nenhuma estrela, mas que tem uma trama legal e bons momentos. Nada de revolucionário, porém é competente e faz o que qualquer longa de terror deve fazer: assustar.

Em Cadáver, Megan Reed (interpretada muito bem por Shay Mitchell) é uma ex-policial reformada que tem lutado contra os vícios e fantasmas do passado. Ela aceita um trabalho no turno noturno do necrotério do Hospital de Boston. Tudo, entretanto, torna a história muito mais macabra depois que um cadáver misterioso é encontrado no local.

O cadáver é da jovem Hannah Grace, que morreu durante um exorcismo. Porém o serviço não foi finalizado da maneira correta, e “resquícios” da possessão demoníaca ainda sobram no corpo desfalecido em já em estado de decomposição. A partir daí a coisa vai se tornando interessante e Megan, os seguranças do necrotério e outros envolvidos precisam escapar da entidade que começa a apavorar.

Curtinho, o filme não se prende muito em pormenores e o roteiro se preocupa em efetivamente dar susto em quem assiste. Claro que existe os famigerados jump scares, mas eles são mínimos e o pavor vem mais da situação que os personagens estão inseridos (no subsolo de um prédio escuro com cadáver pra todo lado) do que propriamente com os sustos pré-fabricados.

A construção do pano de fundo da história da protagonista, sutilmente mostrado durante os créditos iniciais, também me surpreendeu. O filme não fica gastando tempo explicando muito como Megan foi parar nessa situação, deixando boa parte subentendida na cabeça do espectador – não o subestimando.

Na parte técnica, palmas para a maquiagem que fez um convincente cadáver em estado de putrefação e pela edição de som, que brinca com a quase inexistente trilha sonora para assustar com pequenos barulhos recorrentes em uma cena, como o clique ao acender de uma lâmpada ou algum objeto caindo ao solo. Fãs do gênero devem gostar muito de Cadáver, que é um bom filme e vale o ingresso.

Nota: 3,5 estrelas