Cinerama: A Substância

“A Substância” vem sendo um dos filmes mais comentados e aguardados do ano. E não é para menos. O longa-metragem de estreia da francesa Coralie Fargeat é contundente. Um verdadeiro soco no estômago. Misturando body horror e ficção científica, o filme traz uma crítica mordaz sobre a misoginia e os padrões de beleza impostos pela sociedade machista.

A trama acompanha Elisabeth Sparkle (Demi Moore), renomada por um programa de aeróbica na televisão, que enfrenta um golpe devastador quando seu chefe a demite. Em meio ao seu desespero, um laboratório lhe oferece uma substância que promete transformá-la em uma versão aprimorada. Obviamente, as coisas saem do controle e o final é impactante.

Devo confessar que me senti mal em alguns momentos assistindo ao filme. A crueza do que é mostrado choca. Só que tudo faz parte dos planos de Fargeat, que também roteiriza a obra. A forma como ela usa a câmera, usando e abusando de macros para ressaltar os objetos centrais, é incrível, assim como a utilização do som.

Mas “A Substância” não seria o mesmo sem a grande atuação de Demi Moore. A grande musa do cinema se entrega de corpo e alma à produção, se desnudando por completo – literalmente. Em uma personagem que demanda muito da atriz, ela se garante. Margaret Qualley, intérprete da versão aprimorada, também manda bem e entrega uma atuação sexy e desenvolta.

O único porém do filme fica para o último ato, onde acho que a direção de Fargeat se perde um pouco. Mas nada que desabone a produção, que traz uma crítica consistente ao mundo do show business sem parecer pueril ou piegas. Vale a pena conferir.

Nota: ★★★★

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