Cinerama: Ainda Estou Aqui

O desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva no Rio de Janeiro no início dos anos 1970 é contado de forma esplêndida pelo diretor Walter Salles em “Ainda Estou Aqui”, que estreou na última semana nos cinemas brasileiros após temporada intensa em festivais, com destaque para o 81º Festival de Veneza, onde recebeu o prêmio de Melhor Roteiro. 

Cotado ao Oscar, este belíssimo filme traz um período obscuro da história brasileira – a ditadura militar – através da ótica de uma família que precisa lidar com o sumiço do pai assim, de repente. Cabe à mulher, Eunice Paiva (brilhantemente interpretada por Fernanda Torres), manter a união e o mínimo de normalidade na vida de todos os filhos do casal. 

Tudo é muito bem filmado nessa caprichada produção, que reforça que o nosso cinema não deve nada a ninguém. Na primeira parte do filme o espectador é transportado para a capital fluminense nos anos de chumbo, mas vê o lado encantador da cidade, com suas praias maravilhosas. E também nos encantamos pelo Rubens Paiva de Selton Mello, um personagem cativante. Tudo isso para, em seguida, sermos sufocados com o desaparecimento dele pelas mãos dos militares e a angústia de sua mulher.

Mas é Fernanda Torres quem dá o tom do filme, entregando uma atuação ao mesmo tempo contida e potente. Baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, filho de Eunice e Rubens, “Ainda Estou Aqui” não é apenas uma obra de memórias de uma família que foi duramente impactada pelo regime, mas um alerta de: ditadura nunca mais! Vejam no cinema essa grande produção.

Nota: ★★★★★

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