Cinerama: As Panteras
Por André Roedel
Na esteira das produções recicladas de Hollywood, As Panteras chega para resgatar uma nostalgia menor. Afinal, apesar de o seriado da década de 1970 e os filmes do começo dos anos 2000 terem feito certo sucesso, não era nada digno de uma nova versão. Mas ela está aí e tem seus momentos de diversão. Aliás, para conferir As Panteras é necessário ter em mente que se trata apenas de um filme para entreter. Não espere nada além disso, apesar de o longa-metragem flertar com algumas discussões sobre gênero, como machismo e feminismo. Mas fica só nisso mesmo e nada é desenvolvido além da superficialidade, fazendo parecer que esse tema foi incluído quase que como uma obrigação em tempos de Me Too.
O resultado é um filme enxuto, focado na comédia e na ação, e que funciona nesse sentido. Não se trata de um reboot nem de um remake, mas sim de expansão do universo já apresentado nas produções anteriores. Ou seja, tudo aquilo aconteceu, as Panteras hoje são internacionais e enfrentam criminosos em toda parte do mundo, como na charmosa cena inicial no Rio de Janeiro.
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Dirigido, roteirizado e produzido por Elizabeth Banks – que também atua –, As Panteras faz o básico e tenta subverter um pouco os clichês de filmes de espionagem que têm personagens masculinos como protagonistas. Na verdade, aqui as mulheres assumem os arquétipos dos homens – o que acho bacana. Do trio principal, todas têm seus momentos. Kristen Stewart faz a mais sensual das três, enquanto a novata Ella Balinska faz a mais durona. Naomi Scott encarna a novata, que vai colocar o espectador para dentro daquele universo (protagonizando os momentos mais divertidos).
Mas mesmo o jeito sexy, o humor despretensioso e boas atuações ajudam que As Panteras empregue a sua própria marca. É tudo genérico. A trilha sonora, repleta de hits pops como uma música feita por Ariana Grande ao lado de Miley Cyrus e Lana del Rey, ajuda a conferir ao filme a ideia de que ele é apenas mais um do gênero. E ele se assume assim do começo ao fim, não se esforçando em recusar a pecha.
Além disso, o filme tem grandes problemas de desenvolvimento de roteiro e apressa algumas soluções, fazendo com o que o plot twist do terceiro ato seja menor do que poderia ser. O segundo ato é uma bagunça só, deixando o espectador um tanto perdido quanto ao rumo do filme – o que poderia ser bom se bem executado. No fim, As Panteras não se mostra um bom produto reciclado, mas diverte ao ponto de quem assiste não sair totalmente decepcionado do cinema. É apenas mais um filme entre tantos lançamentos por aí.
Nota: ✫ ✫ ½