Cinerama: Era Uma Vez Em… Hollywood
Por André Roedel
Quentin Tarantino é um dos maiores cineastas de sua geração. Desde que ele despontou, no início dos anos 1990, cada filme que ele dirige e roteiriza torna-se um clássico moderno e é aguardado com ansiedade. Com Era Uma Vez Em… Hollywood não poderia ser diferente. Mesmo estando abaixo de outras grandes obras dele, como Pulp Fiction e Bastardos Inglórios, esta nova produção consegue ser acima da média executada atualmente pelos demais diretores.
O resultado final é um filme original que, como vem sendo uma constante na carreira de Tarantino, homenageia o próprio cinema e conta uma história cheia de humor negro. Mistura a realidade com a ficção para recordar os contos de ‘era uma vez’ em que o pano de fundo é uma Hollywood repleta de transformações. No fim dos anos 1960, em que a Guerra do Vietnã corre solto e, dentro dos EUA, grupos hippies ganham força.
Nesse cenário, Tarantino resolve contar duas histórias – uma fictícia e outra real – dentro desse contexto. A história de “mentirinha” é a de um ator interpretado por Leonardo DiCaprio que vê sua carreira degringolar. Mas ele tem ao seu lado o fiel escudeiro/dublê vivido por Brad Pitt, que além de ser o ‘faz tudo’ de sua vida também o ajuda a encarar esse novo momento de sua vida. Já a história “verdadeira” é a da atriz Sharon Tate (Margot Robbie), que em 9 de agosto de 1969 foi brutalmente assassinada por seguidores da seita de Charles Manson juntamente com dois amigos. Ela estava grávida.
A maneira como essas histórias se cruzam seguem a linha “tarantinesca” de fazer cinema. Seus diálogos afiados estão lá, acompanhados da violência gráfica e uma verdadeira ode à profissão do ator – e do dublê. O cinema daquela década é reverenciado a cada ato do filme, com homenagens a seriados e gêneros hoje esquecidos, como o faroeste.
Aliás, é possível descrever Era Uma Vez… como um grande bangue-bangue, misturado com pitadas de uma fábula moderna. Porém, para compreender todos os elementos dessa história, o espectador deve estar familiarizado com a época e seus acontecimentos. É preciso conhecer um pouco sobre o assassinato de Sharon e, mais do que isso, compreender o momento vivido pela sociedade naquele momento específico – que até faz um paralelo com o momento atual.
Leonardo DiCaprio e Brad Pitt dosam bem o protagonismo, cada um com sua intensidade. O primeiro é, disparado, o melhor do filme, que ainda conta com participações especiais como a de Al Pacino. Pena que o roteiro, também assinado por Tarantino, não seja tão afinado como em outras produções… Um ajuste aqui ou outro acolá poderia fazer o filme ser maior do que é. De qualquer forma, é uma grande produção que merece ser vista na telona.
Nota: ☆ ☆ ☆ ☆