Cinerama: Ficção Americana
American Fiction, Comédia/Drama, 2023 | Direção: Cord Jefferson | Classificação indicativa: 16 anos| Duração: 1h57 | Disponível no Amazon Prime
Disponível no Amazon Prime, “Ficção Americana” conta a história de Thelonious “Monk” Ellison, um escritor negro brilhante, mas cujo os livros não são populares já que ele se recusa a retratar negros de forma estereotipada em seu trabalho. Ele é pressionado por seu editor a criar uma obra comercial e escreve uma história carregada de preconceitos como piada.
Em meio a essa pressão no trabalho, Monk tem que lidar com diversos dilemas após perder a irmã prematuramente, tratar a demência que começa a manifestar na mãe, iniciar um novo relacionamento e lidar com o irmão mais novo.
Jeffrey Wright está ótimo nesse filme indicado ao Oscar, que é repleto de acidez e crítica à forma estereotipada que a mídia retrata a população negra nos EUA – e em qualquer lugar do mundo. Mas a produção vai além da ironia e traz uma história sensível de um homem negro de meia idade e as pressões de sua vida.
E isso é tratado até de forma metalinguística, uma vez que a vida de Monk é protagonizada por negros e poderia facilmente ser o tipo de história que o cinema e a literatura deveria contar mais, não somente aquelas em que essa parcela da população é colocada de uma forma estigmatizante, como as diversas obras que tratam da escravidão e da criminalidade – temas importantes, mas que não resumem o povo negro. Não vou cair no clichê de classificá-lo como “necessário”, mas certamente é um filme interessante.
Gostei do filme, pois trata de dois índices relevantes, a vida do nosso protagonista Monk e sua profissão. Na primeira fica evidente que a vida do homem negro vai além dos estereótipos, ou seja, existem pretos bem sucedidos e que são exemplos para toda a sociedade e no segundo índice que tem relação com o trabalho do personagem é revelado aquilo que vende, ou seja, o drama, o preto estereotipado que conhecemos nas mídias de massa. Uma figura de linguagem cairia bem, uma antítese talvez :)