Cinerama: Mickey 17

Ficção científica/Comédia, 2025 | Direção: Bong Joon-ho | Classificação indicativa: 16 anos | Duração: 2h17 | Em cartaz nos cinemas
O novo filme do diretor sul-coreano Bong Joon-ho (do aclamado vencedor do Oscar “Parasita”) chegou aos cinemas sem muito alarde na semana passada, mas vem causando discussões interessantes entre quem viu – mesmo que não tenha gostado. Porque o cinema de Joon-ho é assim: provocativo, desconcertante, não vai pelo caminho mais fácil. E isso pode não agradar a todos, obviamente.
Baseado no livro de Edward Ashton, “Mickey 17”, produzido por um grande estúdio estadunidense (Warner Bros.), é a primeira grande produção ocidental do cineasta oriental e isso é visível através da escolha do elenco e até mesmo em decisões que o roteiro toma. A trama se passa no futuro, onde a humanidade está colonizando novos planetas.
Mickey (Robert Pattinson, em grande atuação) parte para uma missão no planeta Niflheim como “descartável”: é designado para tarefas perigosas, e quando morre, suas memórias são transferidas para um novo corpo, um clone que continua a missão sem interrupções. Mickey passa então a ter profundas reflexões de sua própria existência e a situação sai do controle quando se vê diante de escolhas que podem abalar a ordem estabelecida e alterar o destino da missão.
O filme é mais uma crítica de Joon-ho ao capitalismo desenfreado, especialmente a forma como o trabalhador se tornou descartável nessa grande máquina de moer gente que se tornou o meio laboral. Também abre espaço para discussões sobre o fanatismo religioso e político através do divertido Kenneth Marshall (personagem vivido por Mark Ruffalo). Escorrega aqui e ali e talvez se perca um pouco no segundo ato, mas “Mickey 17” é divertido no ponto certo e faz com que o espectador saia com ao menos uma reflexão na cabeça.
Nota: ★★★★