Cinerama: O Rei Leão
Por André Roedel
Existem filmes que ficam na nossa cabeça para o resto da vida. O Rei Leão é um deles, principalmente para as pessoas da minha geração. Lembro até hoje de ver a já clássica animação da Disney no saudoso Cine Marrocos. Foi o primeiro filme que vi no cinema na minha vida. Então, conferir a nova versão que estreou na quinta-feira (18) foi como relembrar da minha infância.
Esse remake utiliza do fotorrealismo já visto em filmes como Mogli – O Menino Lobo (dirigido, assim como este, por Jon Favreau) e eleva à décima potência. É visualmente deslumbrante. Muitas vezes você imagina estar assistindo a um documentário do National Geographic. Se por um lado isso impressiona, por outro pode decepcionar. Isso porque o realismo empregado acaba tirando a expressividade dos personagens, coisa que sobrava no desenho de 1994.
Esse filme depende muito da nostalgia do espectador para funcionar, e ele me conquistou porque soube acionar a memória afetiva de maneira competente. Porém, uma criança que não tem o mesmo envolvimento emocional com a história como eu tive, por exemplo, pode não se identificar. Aliás, a nova versão talvez não marque uma geração como a anterior marcou – e isso é uma longa discussão.
Dito isso, é importante frisar que o filme segue o mesmíssimo roteiro do original. Uma coisa aqui ou acolá é enxertada e personagens são levemente adaptados (gostei do que fizeram com as hienas) para termos um longa-metragem com quase duas horas de duração, mas o esqueleto é o mesmo. Prova de que a história shakespeariana continua atual. Mas é justificável fazer praticamente o mesmo filme só para ostentar uma nova tecnologia? Outra longa discussão…
Algumas coisas, porém, não geram muito debate. Por exemplo: Timão e Pumba roubam a cena e são os melhores personagens. Mereciam, até, mais tempo de tela. O visual cartunesco do suricato e do javali ajudam a torná-los mais expressivos do que seus parceiros de tela. Outra coisa indiscutível são as músicas clássicas. Conferi a versão dublada e, ao menos na interpretação das canções, Ícaro Silva como Simba e Iza como Nala mandam bem.
No geral, O Rei Leão é um filme belo em diversos sentidos e que fisga de cara os fãs mais velhos, que certamente vibrarão com cada momento reproduzido no passado em uma fita VHS verde ganhando “vida” de uma maneira tão incrível. E que, mesmo com seus problemas e discussões, é impossível de não fazer o espectador se emocionar. Afinal, só sendo muito amargurado para não ser tocado por esse clássico, mesmo agora estando em uma nova roupagem. Vale o ingresso!
Nota: ☆ ☆ ☆ ☆